O eu-nós na poesia de Márcia Kambeba: identidade, resistência e alteridade na literatura de autoria indígena
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2024.e100480Palavras-chave:
Poesia indígena, Márcia Kambeba, Resistência, AlteridadeResumo
Este estudo visa uma leitura teórico-crítica dos poemas “Índio eu não sou”, “Silêncio Guerreiro” e “União dos povos”, presentes no livro Ay Kakyri Tama “eu moro na cidade” (2013; 2018), da pesquisadora e poeta indígena Márcia Wayna Kambeba. Ao ler os poemas, notamos uma lírica kambebiana do “eu-nós”, conforme Julie Dorrico (2017), revestida pelo discurso de identidade, resistência e alteridade — este último a partir da estética filosófica de Mikhail Bakhtin, uma vez que, embora seja reconhecido no âmbito dos estudos literários por sua teoria romanesca, em Estética da Criação Verbal (2011), temos conceitos filosóficos atribuídos à escrita de ficção que nos ajudam a pensar na lírica contemporânea de resistência aliada à alteridade. Alteridade poética que lemos, literalmente, na escrita do pronome "nós", suscitando os povos originários e o legado da sabedoria ancestral, conforme os estudos de Daniel Munduruku (2017) e Aline Rochedo Pachamama (2020).
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