O abrigo e o exílio de Sá-Carneiro
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2016v21n2p42Resumo
Paris é um espaço-chave na poesia de Sá-Carneiro, não apenas por boa parte de seus poemas ter sido produzida ali, mas como realidade simbólica. Este artigo busca refletir a respeito do papel simbólico representado por Paris na obra do poeta Mário de Sá-Carneiro, tomando por base a análise do poema “Abrigo” (1915), sua abordagem comparativa com o poema “Memória”, do poeta português António Nobre, e com a correspondência que o escritor estabeleceu com o amigo e colega de geração Fernando Pessoa. Transfigurada pela linguagem, Paris é aqui enfocada como espaço de identificação e de alteridade: ao mesmo tempo abrigo dos afetos represados num passado perdido e exílio interior num presente imaginário. Essa cidade de sonho, profusamente retratada tanto na correspondência quanto na literatura do autor, contrasta com uma realidade histórica grave e urgente. O poeta admite, afinal, que a sua Paris é um espaço de linguagem, produto de sua nostalgia imaginativa.
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