O espaço que somos: as relações entre a favela e a construção da subjetividade em <i>Becos da memória</i>, de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2019v24n1p160Resumo
O presente trabalho visa analisar aspectos referentes ao espaço na obra Becos da Memória (2017), da autora Conceição Evaristo. Entende-se aqui que a favela, lugar em que o romance é ambientado, ocupa papel de fundamental importância na construção de tal narrativa, agindo na representação das personagens negras na escrita de Evaristo. Esse espaço-favela é lugar tanto de pertencimento quanto de trânsito dos indivíduos, reforçando a ideia de que os espaços por onde os sujeitos passam são organizados tendo como base suas experiências e trocas com o seu corpo. Nesse sentido, ao dar voz ao “espaço-favela” faz-se o movimento de descentralização, retirando o véu que cobriu os sujeitos marginalizados, dando, assim, voz às diferenças. Tais reflexões serão realizadas a partir de apontamentos de importantes teóricos como Luis Alberto Brandão (2013) e Paul Ricoeur (2003) que pensam o espaço como elemento de uma história, fundamento de caráter inseparável ao indivíduo narrado.
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