A focalização como elemento configurador da aridez relacional em "Vidas Secas"
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2012v17n1p77Resumo
O objetivo desse trabalho é comparar o uso da focalização como elemento configurador da aridez relacional em duas mídias distintas, o romance Vidas secas, de Graciliano Ramos (1938) e sua adaptação homônima, dirigida por Nelson Pereira dos Santos (1963). Para tanto, lançamos mão da teoria narratológica de Gerard Genette (1995; 2008) e seus comentadores como Reis e Lopes (1988) e Gaudreault e Jost (2009); além disso, fizemos uso de teóricos da análise literária que trabalharam com o referido romance, incluindo Candido (1992) e Mourão (1971), e com o filme (BRITO, 2006). Diante de nossa pretensão, elegemos como recorte para explicitar a descontinuidade de ponto de vista os capítulos intitulados “Menino mais novo’ e “Menino mais velho”, bem como três momentos em que a família aparece reunida, e suas respectivas sequências adaptadas para a obra cinematográfica. Realizadas as análises constatamos que a aridez relacional se concretiza em Vidas secas, livro e filme, a partir de alguns elementos, tais como: a estrutura, a descontinuidade da focalização e, sobretudo, pela dificuldade de interação configurada, especialmente, pela escassez de diálogos. Desse modo, concluímos que a aridez relacional, por ser um traço característico e comum aos dois textos, reforça a presença das relações dialógicas estabelecidas entre a obra literária e a fílmica.
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