A representação da velhice feminina em narrativas orais da matintaperera
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2021.e78279Resumo
De acordo com Maria de Fátima de Souza Santos (1994), o estudo do envelhecimento humano e/ou da velhice no âmbito das Ciências Humanas é recente, principalmente no Brasil onde somente nos últimos anos começam a surgir trabalhos científicos nas áreas de Psicologia, Sociologia, dentre outras. Em nossas investigações nos Repositórios Institucionais on-line das renomadas Universidades encontramos pouquíssimos trabalhos na área de Letras (Literatura), sobretudo nos Cursos de Doutorado que abordam essa etapa da vida humana e isso acaba se tornando algo, extremamente, preocupante, pois nos impede de desenvolvermos nossa função social enquanto literários que é a de humanizar os sujeitos através dos textos literários, como propõe Candido (1972). Desse modo, levando em conta o número reduzido de Teses na área de Letras, bem como o nosso interesse pelo tema, decidimos estudar a senescência, especialmente a feminina, pois além de os censos e os dados estatísticos demonstrarem que existem mais mulheres do que homens na velhice, ocasionando assim o fenômeno da feminização ou a feminilização que é discutido por Menezes (2017) e Salgado (2002), as mulheres na velhice experimentam, segundo Debert (1994), uma situação de dupla discriminação: a de ser mulher e a de ser velha. Contudo, os resultados de nossas pesquisas no acervo “O Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense” (IFNOPAP) revelaram um novo perfil da mulher velha, que não vem carregado de preconceitos e nem de estereótipos, mas de novidade, liberdade e curiosidade. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa é compreender como a velhice feminina é representada em narrativas orais da Matintaperera. O referencial teórico deste estudo ampara-se em: Beauvoir (2018), Goldenberg (2017), Debert (1994) e Zimerman (2007).
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