A expressão poética da razão e da loucura em Hamlet e Ofélia
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2024.e93323Palavras-chave:
Razão, Loucura, Morte, Ofélia, HamletResumo
Este artigo tem como objetivo estudar A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, observando como as temáticas razão e loucura são relevantes na estruturação da peça, no desenvolvimento da tragédia e na formação e singularidade dos personagens Hamlet e Ofélia. Nosso estudo tem como foco não somente o príncipe, mas também a figura feminina e sua representação em obras de arte posteriores a Shakespeare. Nosso interesse analítico parte do imaginário em torno da morte dessa moça que enlouquece por amor e provavelmente se suicida por não ter sido correspondida pelo angustiado príncipe. O elo entre razão, loucura e morte permanece como questão central deste artigo, cujo referencial teórico-metodológico é baseado no estudo de Northrop Frye e de Gaston Bachelard. Além de ressaltar o excesso de razão e individualismo em Hamlet, características do herói moderno, nosso objetivo é expandir a imagem delicada e frágil da jovem ninfa para as suas representações, ou seja, interpretações nas artes dos séculos posteriores. Para isso, trouxemos o pensamento de Bachelard sobre a imagem da água na morte de Ofélia, além da ressemantização da imagem da moça na pintura, no cinema e na poesia. No nosso artigo, mostramos o par dualista entre razão e loucura na peça, a valorização poética da imagem melancólica e perturbada da personagem Ofélia, bem como o seu protagonismo no decorrer dos séculos.
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