Feminismo, Interseccionalidade e Decolonialidade no Diálogo Entre Quarto de Despejo e Cartas a Uma Negra
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2023.e93896Palavras-chave:
Quarto de Despejo, Cartas a Uma Negra, Interseccionalidade, Feminismo DecolonialResumo
O presente artigo objetiva analisar o diálogo entre a autora brasileira Carolina Maria de Jesus (1914- 1977) e a martinicana Françoise Ega (1920-1976), buscando compreender, por meio do viés feminista decolonial, os processos interseccionais de exclusão e silenciamento sofridos por elas. A partir da publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada, a autora negra, favelada e catadora de papel Carolina Maria de Jesus causou enorme impacto, em sua época, sendo traduzido para catorze idiomas. Uma dessas traduções, mais precisamente um pequeno resumo de Quarto de Despejo traduzido para o Francês, chega às mãos de Françoise Ega, uma antilhana que foi para a França durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa leitura, Ega não somente encontra identificação projetiva nas palavras de Carolina, como vislumbra também o cotidiano de muitas de suas companheiras imigrantes caribenhas, originando-se, daí, o livro Cartas a Uma Negra. Os resultados obtidos deste estudo apontaram para a necessidade de analisar obras de autoras afro-americanas não só pelo aspecto interseccional, mas também sob a ótica da decolonialidade, devido às singularidades de suas histórias de vida e escrita. Como aporte teórico, foram utilizadas obras, no âmbito da crítica literária feminista, de Akotirene (2019), Crenshaw (1989), Collins e Bilge (2020), Davis (2016), entre outras.
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