Educação em direitos humanos e minorias: relações de gênero no conto “Apelo”, de Dalton Trevisan
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2023.e94339Palavras-chave:
Direitos Humanos, Educação, Literatura, GêneroResumo
Educar para os Direitos Humanos compreende ações que contribuam para uma cultura dos Direitos Humanos, para a construção de uma sociedade mais justa e democrática (UNESCO, 2006) por meio de mudanças sociais e da emancipação de grupos excluídos das instâncias decisórias. A partir do conceito de minorias (SODRÉ, 2005), articulado com a Educação em Direitos Humanos, este artigo reflete sobre como a literatura pode ajudar na promoção dessas mudanças (CANDIDO, 1995, ZILBERMAN, 1999), elegendo, aqui, questões relativas a gênero (BOURDIEU, 2014; SAFFIOTI, 1987). Para essa discussão, de cunho bibliográfico-analítico, aciona-se o conto “Apelo” (1970), de Dalton Trevisan, no qual se narra, sob a perspectiva masculina, o abandono feminino e suas consequências. O conto promove uma reflexão sobre um posicionamento dual do feminino, na medida em que se tem um discurso masculino que desmascara e denuncia o antagonismo de gêneros e o aprisionamento da mulher a estereótipos, que são subvertidos por sua insurreição.
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