Reflexões sobre a invisibilização/marginalização literária do escritor afro-brasileiro Bruno de Menezes
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2024.e94879Palavras-chave:
Bruno de Menezes, Marginalização, Cânone literário, Historiografia literária brasileiraResumo
Este artigo tem o objetivo de refletir sobre possíveis motivos acerca do apagamento e marginalização literária do escritor afro-brasileiro Bruno de Menezes (1893-1963). Para isso, realiza-se uma breve exposição da biografia e bibliografia do referido autor, listando alguns escritos literários e intelectuais produzidos por ele, dando destaque à obra Batuque (1931). O presente estudo também discute aspectos relacionados ao cânone e à historiografia literária brasileira, buscando evidenciar interferências destas instituições em um processo de visibilidade negada acerca de Menezes. Apesar da vasta produção literária e intelectual, do papel precursor em relação à estética modernista no Pará, e de ser uma importante voz da literatura afro-brasileira, Bruno de Menezes é marginalizado no contexto da literatura do Brasil. Pensar os aspectos que causam essa exclusão pode ser complexo, mas há algumas razões plausíveis, como o fato de Bruno ter sido um literato nortista-amazônico, negro, da periferia. Assim, as questões étnico-racial, geográfica e de classe poderiam ser entendidas como fatores que interferem na negação de visibilidade relacionada ao campo literário nacional. No que concerne ao referencial teórico-crítico utilizado na elaboração do trabalho, destacam-se as contribuições de Zahidé Muzart (1995), Eduardo Coutinho (1996), Aníbal Quijano (2005), Regina Dalcastagnè (2007), Edimilson Pereira (2010), José Fernandes (2010), Rodrigo Wanzeler (2018), entre outros.
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