Gutsembasemba: topografias do trauma em Baratas, de Scholastique Mukasonga
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e84013Palabras clave:
Espaço, literatura de testemunho, genocídio, Scholastique MukasongaResumen
Este artigo objetiva a análise das relações entre espaço e literatura de testemunho na autobiografia Baratas, da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga. Publicada em 2006, Baratas narra a infância, adolescência e chegada à vida adulta de Mukasonga no sudoeste de Ruanda, enquanto sobrevive às constantes perseguições dos hutus, maioria étnica, contra os tutsis, segunda maior população do país. No ano de 1973, Mukasonga foge do país, e é portanto deste lugar diaspórico que a escritora empreende sua narrativa. Partindo-se dos pressupostos teóricos sobre o espaço de Antonio Dimas (1985), Doreen Massey (2006) e Mikhail Bakhtin (2014), aliados às reflexões sobre a literatura do trauma de Marcio Seligmann-Silva (2008), Alfredo Bosi (1995) e Jean-Marie Gagnebin (2005), pretende-se analisar o modo como as topografias materiais e objetivas descritas por Mukasonga em seu testemunho operam como espaços simbólicos que apontam para representações do gutsembasemba, isto é, o genocídio final perpetrado contra os tutsis, ocorrido entre os meses de abril e julho de 1994.
Citas
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Trad. de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. de Aurora Fornoni Bernardini [et al]. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.
BOSI, Alfredo. A escrita do testemunho em Memórias do cárcere. Revista Estudos Avançados, São Paulo, v. 9, n. 23, p. 309-322, 1995.
DIMAS, Antonio. Espaço e romance. 1. ed. São Paulo: Ática, 1985.
FIRMINO; Mariana Cunha; SANTOS, Sandra Coeli Barbosa dos; SILVA, Larissa Esperança da; TEIXEIRA; Lucília Souza Lima. Escrever para não esquecer: entrevista com Scholastique Mukasonga. Manuscrítica: Revista de Crítica Genética. São Paulo, n. 42, p. 219-229, 2020.
GAGNEBIN, Jean-Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
GENETTE, Gérard. Discurso da narrativa. Trad. de Fernando Cabral Martins. Lisboa: Vega, 1979.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Trad. de Hilda Pareto Maciel e Rogério Haesbaert. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
MEREDITH, Martin. O destino da África: cinco mil anos de riquezas, ganância e desafios. Trad. de Marlene Suano. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
MUKASONGA, Scholastique. Baratas. Trad. de Eliza Nazarian. São Paulo: Editora Nós, 2018.
SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio. In: SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. Trad. de Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 46-60.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma. Revista Psicologia Clínica. Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 65-82, 2008.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 Claudimar Pereira Silva
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.