Dominga ou a arte de lidar com o mistério
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2022.e87231Palavras-chave:
Conto, Intertextualidade, Fantástico, Mistério, ImaginaçãoResumo
Este artigo estuda as especificidades do pouco conhecido conto Dominga no panorama da obra de Agustina Bessa-Luís, em particular as suas ligações às culturas francesa e alemã, raras nos textos da escritora lusitana. Propomos indagar como esta ancoragem além-fronteiras é pedra angular de um universo simultaneamente autobiográfico e fantástico no sentido sartriano, que conduz à reflexão sobre os limites da imaginação humana e às fronteiras entre literatura e realidade. Ao ser lido como uma mise en abîme do ato de contar histórias, analisamos de que forma Dominga se torna uma arte poética de como lidar com o mistério, essencial para a compreensão dos textos de Agustina. De ouvinte a narradora, observamos a visitante de Dominga a confrontar-se com os enigmas de Heidelberg, mas também com o passado da escritora alemã, que testam a sua curiosidade pela verdade e a capacidade de assumir o irremediável. Por fim, realçamos como a solução encontrada – a ausência de esperança – está presente noutros romances da escritora e dialoga com os contos de Antoine Saint-Exupéry.
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