Do sujeito em seu ponto de ebulição: o anacronismo narrativo, o exotismo e a imagem em El santo, de César Aira
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-784X.2020.e82981Palavras-chave:
César Aira, Dispêndio, ImpessoalResumo
Este texto parte da ideia batailliana de um “sujeito em seu ponto de ebulição” para pensar alguns aspectos da narrativa El santo (2015) de César Aira: o anacronismo narrativo, o exotismo e a imagem. O monge milagreiro, protagonista da narrativa, é esse sujeito em ponto de ebulição que está implicado (seu corpo, sua experiência) na dispendiosa dinâmica dos acontecimentos no mundo. Argumenta-se que essa implicação parece deslocar a subjetividade para a ordem do impessoal, já que a única instância pessoal — a voz anacrônica do narrador — segue a lógica do exotismo de trazer o silêncio da imagem para dentro da linguagem: não há a organização das experiências visando um desfecho narrativo (a comunicação de um saber adquirido); pelo contrário, toda a sucessão de acontecimentos não mostra nada além de um gasto de energia sem retorno a partir de um sujeito em seu ponto de ebulição (a comunicação de um excesso).
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