Do sujeito em seu ponto de ebulição: o anacronismo narrativo, o exotismo e a imagem em El santo, de César Aira

Autores

  • Renato Bradbury de Oliveira PPGLit-UFSC

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-784X.2020.e82981

Palavras-chave:

César Aira, Dispêndio, Impessoal

Resumo

Este texto parte da ideia batailliana de um “sujeito em seu ponto de ebulição” para pensar alguns aspectos da narrativa El santo (2015) de César Aira: o anacronismo narrativo, o exotismo e a imagem. O monge milagreiro, protagonista da narrativa, é esse sujeito em ponto de ebulição que está implicado (seu corpo, sua experiência) na dispendiosa dinâmica dos acontecimentos no mundo. Argumenta-se que essa implicação parece deslocar a subjetividade para a ordem do impessoal, já que a única instância pessoal — a voz anacrônica do narrador — segue a lógica do exotismo de trazer o silêncio da imagem para dentro da linguagem: não há a organização das experiências visando um desfecho narrativo (a comunicação de um saber adquirido); pelo contrário, toda a sucessão de acontecimentos não mostra nada além de um gasto de energia sem retorno a partir de um sujeito em seu ponto de ebulição (a comunicação de um excesso).

Biografia do Autor

Renato Bradbury de Oliveira, PPGLit-UFSC

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (2014). Mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2020). Atualmente é bolsista CAPES do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina.

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Publicado

2022-08-26