Grito e escuta na cidade dos loucos: ainda nos interrogam?

Autores

  • Tania Mara Galli Fonseca UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2014v48n2p224

Resumo

Nossa pesquisa ensina a escutar mortos e velhos papéis. Em 19 anos acumulamos mais de 100.000 pinturas e bordados produzidos por pacientes psiquiátricos crônicos. Alguns já mortos, outros, frágeis, nos direcionam para esta estranha força de criação e resistência. O babélico acervo artístico, enquanto passa pela catalogação, se constitui em arquivo visível e invisível. Unificado e classificado, torna-se um suporte disponível para pesquisas. Seu maior valor é poder reunir signos, contraindo características opostas – como instituidor e conservador. Arquivo não encerra o passado arquivável: corresponde a uma promessa no futuro. Uma cançãozinha provinda de vidas minúsculas e desoladas, pode ser ouvida ali. Escutamos o grito destas vidas abatidas pela infâmia da loucura, regidas pelo delírio e queimadas pela razão. Na impotência, resistem pela criação e trabalham pelo pode ainda ser. Forçam-nos pensar no agenciamento psiquiátrico - revelando seus efeitos -, como seqüestro social e cassação de direitos civis e da alegria de viver.

Biografia do Autor

Tania Mara Galli Fonseca, UFRGS

Tania Mara Galli Fonseca, psicóloga, professora titular do Instituto de Psicologia da UFRGS, professora dos programas de pós-graduação em Psicologia Social e Institucional e de Informática na Educação/UFRGS, coordenadora da equipe de pesquisa e extensão/UFRGS do Acervo da Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre, coordenadora do grupo de pesquisas e do diretório CNPQ Corpo, Arte e Clínica (www.ufrgs.br/corpoarteclinica). tfonseca@via-rs.net

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Publicado

2014-12-09

Edição

Seção

Artigos