Etnobotânica Xucuru: espécies místicas

Autores

  • Valdeline Atanazio da Silva Laboratório de Etnobotânica e Botânica aplicada. Departamento de Botânica - Universidade Federal de Pernambuco
  • Laise de Holanda Cavalcanti Andrade Laboratório de Etnobotânica e Botânica aplicada. Departamento de Botânica - Universidade Federal de Pernambuco

Resumo

A tribo Xucuru, grupo indígena pernambucano, é um dos sete remanescentes do estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. O toré é o principal ritual místico da tribo, cuja prática representa atualmente um resgate do "ser Xucuru". Ao dançarem o toré, os Xucuru frequentemente usam vestimentas, ornamntos, instrumentos musicais e bebida. A bebida que compõe  o ritual, chamada jurema, tem como base a Mimosa tenuiflora (Wild.) Poir. Esta bebida é característica dos rituais de vários grupos indígenas nordestinos e permite, segundo os Xucuru, uma maior integração entre o índio (indivíduo) e os "encantados" (espíritos de antepassados), funcionando, ainda, como estimulante para os participantes do ritual. Quinze espécies (75% do total levantado) vegetais (nativas e introduzidas) são utilizadas pelos Xucuru em banhos mediúnicos (contato/limpeza contra os espíritos), uma como amuleto (castanha de caju, como proteção contra picada de cobra), três como defumador (folhas secas e queimadas, usadas, para afastar maus espíritos e aromatizar o ambiente) e duas na produção de cigarro (apesar de ser hábito comum entre os Xucuru, a planta utilizada em geral, tem origem no mercado e é chamada "fumo brabo"). As espécies místicas estão distribuídas nas seguintes famílias: Anacardiaceae (1 espécie), Arecaceae (1 espécie), Aspleniaceae (1 espécie), Bignoniaceae (1 espécie), Euphorbiaceae (2 espécies), Labiatae (6 espécies), Leguminosae (2 espécies), Meliaceae (1 espécie), Musaceae (1 espécie), Poaceae (1 espécie), Polypodiaceae (1 espécie), Rutaceae (1 espécie), Verbenaceae (1 espécie). Estas espécies utilizadas para fins místicos podem ser nativas ou introduzidas e mostram a diversidade de uso e importância cultural das plantas para estas tribos.

Biografia do Autor

Valdeline Atanazio da Silva, Laboratório de Etnobotânica e Botânica aplicada. Departamento de Botânica - Universidade Federal de Pernambuco

Possui Graduação em Biologia pela Universidade Federal de Pernambuco, Mestrado em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco e Doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente é Professor Adjunto I da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Mais informações no Currículo Lattes.

Laise de Holanda Cavalcanti Andrade, Laboratório de Etnobotânica e Botânica aplicada. Departamento de Botânica - Universidade Federal de Pernambuco

Bacharel em História Natural e Licenciada em Ciências pela Universidade Federal de Pernambuco, com Especializaçaõ em Taxonomia Vegetal e Fitogeografia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Mestrado e Doutorado em Ciências Biológicas - Botânica pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Professor Titular em Botânica da Universidade Federal de Pernambuco e Pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Mais informações no Currículo Lattes.

Downloads

Publicado

2002-01-01

Edição

Seção

Artigos