Eficácia de diferentes formulações de acaricidas sobre larvas de Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) (Acari: Ixodidae) e Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Canestrini, 1887) (Acari: Ixodidae)

Autores

  • Luciano Melo Souza Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Descalvado
  • Marco Antonio Andrade Belo Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Jaboticabal http://orcid.org/0000-0001-5845-3940
  • Ives Charlie Silva Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Jaboticabal

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7925.2017v30n1p65

Resumo

O parasitismo por ácaros sempre foi objeto de preocupações e perdas relacionadas à produção animal, assim como à transmissibilidade de agentes etiológicos de importantes doenças; e aproximadamente 95% das formas evolutivas dos carrapatos em fase não parasitária encontram-se no ambiente. Com base na importância de se controlar estágios larvares dos ixodídeos no ambiente, este estudo avaliou a eficácia de acaricidas in vitro sobre larvas de Rhipicephalus (Boophilus) microplus e Rhipicephalus sanguineus. Foram testadas: Cipermetrina 15% (T1); Deltametrina 25% (T2); associação de Cipermetrina 5% + Diclorvós 45% + Butóxido de piperolina 25% (T3); associação de Cipermetrina 15% + Clorpiriphos 25% + Citronela 1% (T4) e Amitraz 12,5% (T5). Para cada tratamento foram realizadas nove repetições contendo 20 larvas. As observações de motilidade foram realizadas: 1, 5, 10, 20 e 30 minutos após o tratamento (MPT); 1, 2, 6, 12 e 24 h após o tratamento (HPT); 5 dias após o tratamento (DPT). Os testes das larvas de R. (B.) microplus e R. sanguineus com deltametrina 25% serviram de controle positivo e demonstraram perda de motilidade de 100% das larvas com duas HPT para ambas de ixodídeos. O R. (B.) microplus apresentou maior sensibilidade aos desafios contendo a cipermetrina 15% e 5% associada ao diclorvós e butóxido de piperonila. Larvas de R. sanguineus apresentaram maior sensibilidade em menor tempo ao tratamento com amitraz a 12,5%. Contudo, apesar das diferenças no efeito acaricida observadas no decorrer dos tempos, obteve-se eficácia de 100% para todos os compostos inseticidas sobre os instares das duas espécies 12 HPT, demonstrando que, quando utilizados nas doses recomendadas pelos fabricantes, os produtos comerciais podem ser eficazes em estratégias de controle ambiental das larvas.

Biografia do Autor

Luciano Melo Souza, Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Descalvado

Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Uberlândia. Atuou como pesquisador no Centro de Pesquisas em Sanidade Animal (CPPar) sendo bolsista do CNPq-DTI (Desenvolvimento Tecnológico e Industrial), nos anos de 1999 e 2000, com experiencias no desenvolvimento e avaliação farmacológica de quimioterápicos para controle de enfermidades infecciosas e parasitárias na Medicina Veterinária. Obteve título de Mestre (2001) e Doutor (2005) em Medicina Veterinária, na Unesp de Jaboticabal, estudando a epidemiologia da neosporose e toxoplasmose em rebanhos bubalinos e o controle de coleópteros na avicultura comercial, respectivamente. É professor titular de Parasitologia , Doenças Parasitárias dos animais domésticos e zoonoses na UNICASTELO-Campus de Descalvado desde 2000. Revisor dos periódicos Revista Agropecuária Tropical, Amazonian Journal of Agricultural and Environmental Sciences e Revista Em Extensão (UFU) e avaliador parecerista de projetos da Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do MS e da CAPES. É professor credenciado no Programa de Pós-Graduação em Produção Animal (stricto sensu) da Universidade Camilo Castelo Branco, responsável pela Disciplina de Parasitologia Zootécnica.

Marco Antonio Andrade Belo, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Jaboticabal

Médico Veterinário formado pela Unesp - Campus de Jaboticabal. Fez aperfeiçoamento técnico em Laboratório de Referência em Salmonelose no Departamento de Patologia Aviária da Universidade de Minnesota, EUA, nos anos de 1997 e 1998. Obteve os títulos de Mestre (2002) e Doutor (2006) em Medicina Veterinária, na Unesp de Jaboticabal. Foi pesquisador no Centro de Pesquisas em Sanidade Animal como bolsista do CNPq-DTI (Desenvolvimento Tecnológico e Industrial), nos anos de 1999 e 2000. É professor na Universidade Brasil (UNICASTELO)-Campus de Descalvado. É professor credenciado no Programa de Pós-Graduação em Produção Animal (stricto sensu) da Universidade Camilo Castelo Branco e no Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da UNESP (CAPES 6), responsável pelas Disciplinas de Riscos Toxicológicos na Produção Animal e Imunofarmacologia na Medicina Veterinária, respectivamente.

Ives Charlie Silva, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Jaboticabal

Doutorando do Programa de Medicina Veterinária, área de concentração Clínica Médica Veterinária. Mestre em Medicina Veterinária, área de concentração Medicina Veterinária Preventiva, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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2017-02-21

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Artigos