Os efeitos colaterais da Psicanálise e a Reforma Psiquiátrica

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Oswaldo França Neto

Resumo

Ao contrário de outras práticas, o objeto que a técnica analítica promete atingir para os seus pacientes no início do tratamento é o que de menos importância tem. A psicanálise propõe o tratamento de um mal estar, mas o que ela provoca é a subversão da tranquila paz que ilusoriamente se almejava restituir. Longe de serem indesejáveis para um psicanalista, são esses efeitos outros, erroneamente considerados como secundários ou colaterais, que realmente importam, pois carreiam a reinscrição do sujeito, relançando-o na vida. Isso se torna evidente na Reforma Psiquiátrica, onde, ao conceder cidadania aos considerados como acometidos pela desrazão, a psicanálise acaba por provocar, como efeito colateral, a vacilação do saber racional que sustenta a civilização. Esses efeitos colaterais de desestabilização do instituído são os principais motivos da resistência da sociedade frente a essa técnica. Ela rapidamente reconhece o risco que a psicanálise oferece, ao propiciar, com a desorganização dos laços pré-estabelecidos, a presentificação de um excesso que tanto almejava-se manter no esquecimento.

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Como Citar
NETO, Oswaldo França. Os efeitos colaterais da Psicanálise e a Reforma Psiquiátrica. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 5, n. 11, p. 1–13, 2013. DOI: 10.5007/cbsm.v5i11.68792. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/68792. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Artigos originais