Percepções sobre o autismo e experiências de sobrecarga no cuidado cotidiano: estudo com familiares de CAPSi da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
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Resumo
Estudos realizados em Centros de Atenção Psicossocial InfantoJuvenis (CAPSi) vêm registrando presença significativa de usuários com autismo nesses serviços. Diferentes publicações têm apontado os impactos que a lida cotidiana acarreta na qualidade de vida dos familiares de pessoas com autismo. O presente trabalho visa apresentar e analisar narrativas de familiares de crianças e adolescentes com autismo recolhidas em três grupos focais envolvendo 14 CAPSi da região metropolitana do Rio de Janeiro, no contexto de uma pesquisa maior. A categorização e análise do material permitiu destacar alguns temas prevalentes para os familiares; dois deles - percepção sobre o autismo, e as experiências de sobrecarga – são apresentados e discutidos neste artigo. Os resultados mostram que os familiares têm modos próprios de descrever e compreender o autismo, se apropriando do discurso especializado de formas distintas e construindo uma expertise no cuidado diário com os filhos. São ressaltados por eles: o sentimento de solidão, o desgaste e a sobrecarga, incluindo a “peregrinação” entre serviços diversos e a demora no diagnóstico antes de chegarem ao CAPSi, além do isolamento social e a interrupção da inserção no mercado de trabalho, justificada pela dedicação exclusiva aos filhos com autismo. Apesar de se queixarem de desinformação sobre o diagnóstico, inclusive nos CAPSi, enfatizam o acesso rápido e o acolhimento qualificado que recebem nesses serviços. O estudo indica que, a despeito das adversidades da conjuntura atual, é preciso avançar na construção de redes psicossociais potentes e na inclusão efetiva dos familiares nos Projetos Terapêuticos Singulares das crianças e adolescentes com autismo atendidas nos CAPSi.
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