A MENINA-MOÇA QUE ESCREVIA CARTAS. O QUE A REFORMA PSIQUIÁTRICA TEM A ENFRENTAR NO CAMPO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA?

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Ivana Carneiro Botelho
Maria Elizabeth Barros de Barros

Resumo

O artigo analisa as práticas que a Reforma Psiquiátrica tem a enfrentar no campo da Saúde Mental Infantojuvenil por meio da montagem de um caso – “A Menina-moça que escrevia cartas”.  Nas correspondências feitas pela Menina-moça havia pedidos de saída, sobretudo do Abrigo onde era institucionalizada. Com este caso, vemos o “inevitável caminho” do abrigamento, tal como é considerado pelos profissionais de instâncias encaminhadoras. Debruçamo-nos sobre os efeitos das práticas asilares, entre eles o que envolve homogeneização do cuidado, reclusão e infantilização. Junto à história da Menina-moça atravessa uma narrativa de “Maria”, que mostra, com seu jeito, maneiras de lidar com as pessoas do Abrigo, em especial, com as meninas, forçando invenções das práticas de cuidado nesta instituição e formando uma postura em campo de contestar as práticas naturalizadas.

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Como Citar
CARNEIRO BOTELHO, Ivana; BARROS DE BARROS, Maria Elizabeth. A MENINA-MOÇA QUE ESCREVIA CARTAS. O QUE A REFORMA PSIQUIÁTRICA TEM A ENFRENTAR NO CAMPO DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA?. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 15, n. 46, p. 108–128, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/80232. Acesso em: 27 abr. 2024.
Seção
Artigos originais

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