Construção de fluxos de atenção em CAPS ad para qualificação de processos de cuidado

Conteúdo do artigo principal

Fernanda Silveira de Souza
Melina Alves Camargo
Raquel do Lago Fávaro
Karina da Silva Paes
Karina Franco Zihlmann

Resumo

Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD) são serviços de saúde vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) que atuam de forma multidisciplinar em ações territoriais que visam o cuidado integral de pessoas que fazem consumo problemático de Substâncias Psicoativas (SPAs). O objetivo do presente artigo é relatar a experiência de (re)construção dos processos de trabalho de profissionais atuando em um serviço CAPS AD III a qual se concretizou na forma de uma série de fluxogramas construídos coletivamente, baseados em cinco temáticas de interesse no campo e que, por fim, serviram para nortear reflexões e transformações em suas práticas de trabalho. As temáticas de interesse trabalhadas foram: processo de acolhimento; Projeto Terapêutico Singular (PTS); itinerário terapêutico; situação de crise e processo de alta. A construção deste trabalho é complexa e apresenta particularidades e pontos de tensão. Os fluxogramas, construídos em consonância com os propósitos do SUS, permitiram evidenciar demandas, fragilidades e espaços potenciais de intervenção, além de servir como ferramenta potente para auxiliar na construção e problematização dos processos de trabalho, bem como alinhamento norteador para reconstrução e transformação do trabalho em serviço de saúde mental, especialmente no campo do AD.

Detalhes do artigo

Como Citar
SILVEIRA DE SOUZA, Fernanda; ALVES CAMARGO, Melina; DO LAGO FÁVARO, Raquel; DA SILVA PAES, Karina; FRANCO ZIHLMANN, Karina. Construção de fluxos de atenção em CAPS ad para qualificação de processos de cuidado. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 14, n. 40, p. 53–72, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/80299. Acesso em: 26 dez. 2024.
Seção
Artigos originais
Biografia do Autor

Fernanda Silveira de Souza, Consultório Independente

Psicóloga. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em saúde mental, com ênfase em álcool e outras drogas, pela Universidade de São Paulo.

Melina Alves Camargo, Hospital Israelita Albert Einstein

Graduada em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2016). Possui residência em Saúde Coletiva e Atenção Primária pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2017-2019). Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Terapia Ocupacional e Processos de Inclusão Social - FMUSP. Atualmente atua como terapeuta ocupacional em um CAPS AD III no município de São Paulo. Formação e experiência principalmente com políticas e ações públicas de saúde, saúde coletiva, atuação do terapeuta ocupacional no estado de Minas Gerais, bem como em projetos que envolvem grupos em situação de vulnerabilidade social.

Raquel do Lago Fávaro

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas(2004).

Karina da Silva Paes, Hospital Israelita Albert Einstein

Graduada em serviço social (unifai-2009), aprimoramento multiprofissional em serviço social na saúde mental e dependência química (cratod-2010), especialista em saúde da família (fasm-2010), especialista em abordagem e pratica sistêmica com famílias e casais / terapia de família e de casal (unifesp-2013). Associada como titular da associação paulista de terapia familiar / aptf-abratef (2017), participante do grupo de estudos e aprimoramento em praticas psicodramáticas com famílias e casais (2018) e mestrado em ciências da saúde (unisa-2018 cursando). Experiencia profissional em serviço social desde a implantação do caps ad iii brasilândia (2010-2014), caps ad iii campo limpo (2014 à atual) e com atuação clinica como terapeuta de família e de casal desde 2016.

Karina Franco Zihlmann, Universidade Federal de São Paulo

Professora Associada na Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista (UNIFESP - BS). Doutora e Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Especialista em Psicologia Hospitalar pelo HC-FMUSP. Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos. Responsável pela área de Psicologia Hospitalar e Psicossomática na UNIFESP-BS. Tutora da área de Psicologia no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental e no Programa de Residência Multiprofissional em Oncologia da UNIFESP. Experiência na área hospitalar e em Saúde Coletiva, com ênfase em Saúde Sexual e Reprodutiva em IST/Aids. Atuando principalmente nos seguintes temas: Psicanálise, HIV/Aids, HTLV, Psicologia da Saúde e Hospitalar, Saúde sexual e reprodutiva, Saúde Mental, Oncologia e Interdisciplinaridade/transdisciplinaridade. Lider do NIEPSS - Núcleo de Investigação e Estudos em Psicanálise, Saúde e Sociedade da UNIFESP.

Referências

BARBOZA, Tatiane Aparecida; FRACOLLI, Lislaine Aparecida. A utilização do "fluxograma analisador" para a organização da assistência à saúde no Programa Saúde da Família. Cadernos de Saúde Pública. v. 21, n. 4, p.1036-1044. 2005.

BATISTA, Karina Barros; GONÇALVES, Otília Simões. Formação dos profissionais de saúde para o SUS: significado e cuidado. Saúde e Sociedade. v. 20, n.4, p.884-889. 2011.

BEZERRA, Eduardo Breno Nascimento et al. O trabalho de equipes interdisciplinares nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Estudos e Pesquisas em Psicologia. v. 18, n. 1, p. 169-188, abr. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS–ParticipaSUS. 2.ed. Brasília : Editora do Ministério da Saúde. 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 30 Dez 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS, para atendimento público em saúde mental, isto é, pacientes com transtornos mentais severos e persistentes em sua área territorial, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo e não-intensivo. Diário Oficial da União. 20 Fev 2002.

CARDOSO, Julio Cesar; LUZ, André Ricardo. Os arquivos e sistemas de gestão da qualidade. Arquivo & Administração. p. 51-64. 2004.

COSTA, Pedro Henrique Antunes; RONZANI, Telmo Mota; COLUGNATI, Fernando Antonio Basile. No meio do caminho tinha um CAPSAD: centralidade e lógica assistencial da rede de atenção aos usuários de drogas. Ciênc. saúde coletiva [online]. vol.23, n.10, p.3233-3245, 2018.

Esmeraldo, Geordany Rose et al. Tensão entre modelo biomédico e estratégia saúde da família: percepções dos trabalhadores de saúde. Revista de APS. v. 20, n.1, p. 98-106, jan/mar. 2017.

FALKENBERG, Mirian Benites et al. Educação em saúde e educação na saúde: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 3, p. 847-852, mar. 2014.

FARIA, Horácio Pereira et al. Processo de trabalho em saúde. 2.ed. Belo Horizonte: Nescon UFMG/Coopmed; 2009.

FRANCO, Túlio Batista. O uso do fluxograma descritor e projetos terapêuticos para análise de serviços de saúde, em apoio ao planejamento: o caso de luz (MG). In: Merhy EE, organizador. O trabalho em saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. São Paulo: Hucitec, p. 161-98. 2003.

GONÇALVES, Ricardo Bruno Mendes. Práticas de saúde: Processo de trabalho e necessidades. São Paulo: CEFOR, 1992.

LOPES, Thais et al. Gestão Participativa e a interface com trabalhadores do Sistema Único de Saúde: uma revisão integrativa. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica. v. 2, n. 11, p. 130-139. 2016.

MALTA, Deborah Carvalho; MERHY, Emerson Elias. A micropolítica do processo de trabalho em saúde, revendo alguns conceitos. Revista Mineira de Enfermagem. v. 7 n. 1. p. 61-66, Jan/Jul. 2003.

ONOCKO-CAMPOS, Rosana et al. Methodological challenges in the use of focus groups with people with severe mental illness. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro. v. 33, n. 6. p. 1-13, Jul. 2017.

PAIM, Jairnilson Silva. Reforma Sanitária Brasileira: Contribuição para a compreensão e crítica. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2013.

PENEDO, Rafaela Mossarelli; GONÇALO Camila da Silva; QUELUZ Dagmar de Paula. Gestão compartilhada: percepções de profissionais no contexto de Saúde da Família. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 23, p. 1-15, jan. 2019.

PEREIRA, Lizziane d’Ávila; SENA Roseni Rosângela. Cursos realizados pelo Canal Minas Saúde: percepções dos profissionais que atuam na atenção primária. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 37, n. 2, p. 1-8, jul. 2016.

Portal de estatísticas do Estado de São Paulo [internet]. Fundação SEADE. [data desconhecida] [acesso em 2018 jan 2]. Disponível em: http://http://www.seade.gov.br/institucional/

RAEL. Hoje é dia de ver. São Paulo: Laboratório Fantasma, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QIOb_WZzqR4. Acesso em 20 mar. 2021.

VIEIRA, Aline Godoy. As práticas de terapia ocupacional em CAPS AD. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 268 p. 2014.