Editorial. V. 1, n. 1, 2004

Resumo

EDITORIAL “Escrever é iniciar uma aventura que não se sabe onde nos vai levar; ou melhor, que, depois de algum tempo, se saiba não ser mais possível abandonar” (Mário Osório Marques 1998:91). Reconhecemos o contexto atual como um mundo com profundas mudanças e com significativas produções nas diferentes áreas do conhecimento. Reconhecemos também que os avanços e que as contradições da vida cotidiana são decorrentes da ação humana sobre um mundo humano. No tempo histórico e social do desenvolvimento dessas produções verificamos o estreitamento dos espaços das inclusões sociais, assim como das atividades de produção do eixo central da vida humana: as formas de produzir trabalho. O modelo de sociedade centrado no mercado impõe múltiplos limites e desafios. Desse fato à reflexão de intervenções possíveis, avolumam-se situações do cotidiano que se consorciam às diferentes ações na busca de alternativas sustentáveis, na busca de emancipar os referenciais universais de solidariedade e promoção da responsabilidade social. Nesse cenário contextualizado é possível afirmar: nossas crenças nos levam até o limite exato de nossas crenças. Eis aí a rede de complexidades e de subjetividades que precisamos enfrentar para produzir alternativas diferentes. Neste mundo real, de processos interativos, exige-se um perfil de ações éticas e de dimensões responsáveis na atuação profissional. A construção, ampliação e socialização de espaços solidários e responsáveis se configuram como possibilidades concretas da intervenção humana em lugares e saberes de sua inserção. Articular a realidade desejável com uma realidade possível ainda é essência exclusivamente humana a qual compreendemos como complexa, subjetiva, completa e carente de mediações. No cotidiano de nossas ações, constatamos e também construímos processos e alternativas para transformar e ampliar o cultural já constituído. Especificamente no entorno das atividades profissionais, em nosso caso o ensino, pesquisa e extensão, apresentamos o primeiro número da revista Contemporânea de Contabilidade, cujo projeto foi elaborado e executado por seu editor e viabilizado em parte com os recursos do FUNGRAD/UFSC/2003. Na revista Contemporânea de Contabilidade pretendemos discutir e rediscutir temas elaborados e consensualmente aceitos, assim como temas emergentes e polêmicos, visando instigar e desenvolver reflexões críticas aliadas a textos concisos e pedagogicamente eficientes como recurso didático para a fruição da escrita e da leitura. Com esta proposta configuramos preocupações em dinamizar o processo ensino-aprendizagem, assim como facilitar aos usuários do conhecimento contábil o acesso à produção científica elaborada por alunos, professores e pesquisadores da área de Ciências Contábeis e que tomem a revista Contemporânea de Contabilidade como instrumento de divulgação e socialização. Esse gesto se reveste do signo cultural da linguagem para ser um instrumento de comunicação do Curso de Ciências Contábeis e Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da UFSC. Com esse propósito a revista Contemporânea de Contabilidade foi desenvolvida pelo Núcleo de Estudos Sobre Trabalho e Ensino em Contabilidade – NETEC, objetivando interagir na comunicação e socialização nacional e internacional dos conhecimentos contábeis, visando atingir diferentes públicos e instituições. Propomonos a divulgar e a fomentar o desenvolvimento de metodologias e de procedimentos nas áreas do ensino, da pesquisa e da extensão em atividades contábeis, de forma a contribuir para a formação humana profissional nos limites das discussões e possibilidades das Ciências Contábeis. Essas ações propõem ao Leitor um convite: romper as individualidades e espaços inacessíveis mediante ações diversas de desdobramentos políticos e de autodeterminação. Esse também é um desafio. Os artigos que apresentamos neste primeiro número da revista inauguram um espaço múltiplo para a apresentação e a discussão de idéias. Incitados pela afirmação de Mário Osório Marques, pressupomos agir para que não nos seja possível abandonar a aventura do escrever e do aprender. Sejamos todos bem-vindos a estas e a novas reflexões. Marcos Laffin Editor