Interconexão entre acadêmicos e profissionais sobre as práticas de resposta à fraude e à corrupção no setor público

Autores

  • Vanessa Karla Rebouças da Silva Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
  • Rossana Guerra de Sousa Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8069.2022.e78128

Palavras-chave:

Corrupção, Administração Pública, Medidas anticorrupção

Resumo

Esta pesquisa analisou a interconexão entre as abordagens acadêmicas e as práticas de gestão utilizadas por profissionais no setor público brasileiro quanto às ações de resposta à fraude e corrupção. Por meio de dois questionários verificou-se a classificação de importância atribuída pelos grupos a práticas antifraude, distribuídas em etapas definidas com base no Referencial de Combate à Fraude e Corrupção (TCU, 2018). Os resultados indicam que há interconexão entre os grupos ao nível de 61,43%, sendo prevenção a etapa com maior quantidade de ações classificadas como importantes pelos grupos. Assim, estando as ações preventivas mais relacionadas à redução da Oportunidade, uma das arestas do Triângulo da Fraude (Cressey, 1953), os resultados reforçam a importância de mecanismos preventivos na mitigação proativa da corrupção. Além disso, apenas três práticas foram classificadas como muito importantes por ambos, o que indica que a aprendizagem organizacional e o avanço organizacional também implicam em desaprender ou aprimorar abordagens utilizadas.

Biografia do Autor

Vanessa Karla Rebouças da Silva, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Mestre em Ciências Contábeis na  Universidade Federal da Paraiba (UFPB)

Professora Substituta do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (UFERSA)

Rossana Guerra de Sousa, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Doutora em Ciências Contáveis (UnB/UFPB/UFRN)

Professora do Departamento de Finanças e Contabilidade (UFPB)

Referências

Abreu, C. (2011). A Economia da Corrupção nas Sociedades Desenvolvidas Contemporâneas [The Economy of Corruption in Contemporary Developed Societies]. (1st ed.) Porto, Portugal: CEPESE.

Albrecht, W. S., Albrecht, C. C., Albrecht, C. O., & Zimbelman, M. (2009). Fraud Examination. 3rd ed. South-Western Cengage Learning.

Almeida, S.R.V., & Alves, F. J. S. (2015). Testando o Triângulo de Cressey no contexto da convergência às Normas Internacionais de Contabilidade: um estudo empírico sobre comportamento ético de profissionais de contabilidade [Testing the Triangle Cressey in the Context of Convergence with International Accounting Standards: an empirical study on the ethical behavior of accounting professionals]. Santa Maria, Brasil: Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, 8(2), 282-297. https://doi.org/10.5902/1983465910893

Ajzen, I. (1991). The Theory of Planned Behavior. Organizational Behavior And Human Decision Processes, 50 (2), 179-211. https://doi.org/10.1016/0749-5978(91)90020-T

ABNT NBR 37001. (2017). Sistemas de gestão antissuborno: Requisitos com orientações para uso [Anti-bribery Management Systems: Requirements with guidelines for use]. Rio de Janeiro, Brazil: Associação Brasileira De Normas Técnicas.

Association Of Certified Fraud Examiners (ACFE). (2012). Report to the Nations on Occupational Fraud and Abuse.

Association Of Certified Fraud Examiners (ACFE). (2016). Report to the Nations on Occupational Fraud and Abuse.

Association Of Certified Fraud Examiners (ACFE). (2018). Report to the Nations on Occupational Fraud and Abuse.

Ashforth, B. E., Gioia, D. A., Robinson, S. L., & Treviño, L. K. (2008). Re-viewing organizational corruption. Academy of Management Review, 33(3), 670-684. https://doi.org/10.5465/amr.2008.32465714

Avritzer, L., Bignotto, N., Guimarães, J. & Starling, H. M. M. (2008). Corrupção: Ensaios e Críticas [Corruption: Essays and Criticism]. Belo Horizonte, Brazil: Editora UFMG.

Azevedo, E. B., Oliveira, A. G., Buch, C. L., Nascimento, T. C., & Silva, C. L. (2018). Corrupção, governança e desenvolvimento: uma análise seccional de dados para o Brasil [Corruption, governance and development: a cross-sectional analysis of data for Brazil]. Revista Globalização, Competitividade e Governabilidade, 12(1), 48-62. https://dx.doi.org/10.3232/GCG.2018.V12.N1.02

Barbosa, D. M. C., Almeida, E. F., Bampi, L., Gonçalves, R. N., Pinheiro, T. C. P. R., & Teixeira, V. A. (2003). A Aprendizagem Organizacional Otimizando Resultados do Tribunal de Contas da União [Organizational Learning Optimizing Results of the Federal Court of Auditors]. Brasília, Brazil: Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Bastos, A. V. B, Gondim, S. M. G., & Loiola, E. (2004). Aprendizagem Organizacional versus Organizações que Aprendem: Características e Desafios que cercam essas duas Abordagens de Pesquisa [Organizational Learning versus Learning Organizations: Characteristics and Challenges Surrounding These Two Research Approaches]. RAUSP Management Journal, 39(3), 220-230.

Becker, G. (1968). Crime and Punishment: An Economic Approach. Journal of Political Economy, 76(2), 169-217. Retrieved from https://doi.org/10.2307/2141078

Boll, J. L. S. (2010). A corrupção governamental no Brasil: construção de indicadores e análise de sua incidência relativa nos estados brasileiros [Government corruption in Brazil: construction of indicators and analysis of its relative incidence in Brazilian states]. Porto Alegre, Brazil: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS.

Brooks, R. C. (1979). The Nature of Political Corruption. Political Science Quarterly, 24(1). https://doi.org/10.2307/2141078

Cardoso, J. L., Souza, M. A., & Almeida, L. B. (2006). Perfil do Contador na Atualidade: um Estudo Exploratório [Current Accountant Profile: An Exploratory Study]. Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, 3(3), 275-284. http://dx.doi.org/10.18226/35353535.v5.2016.20

Cohen, L., & Felson, M. (1979). Social change and crime rate trends: a routine approach. American Sociological Review, 44, 588-608. Retrieved from https://doi.org/10.2307/2094589

Controladoria-Geral Da União (CGU). (2015). Guia de Integridade Pública: Orientações para a administração pública federal: direta, autárquica e fundacional [Guide of Public Integrity: Guidelines for federal public administration: direct, autarchic and foundational]. Brasília, Brazil.

Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) (2016). Fraud risk management guide executive summary.

Costa, A. P. P. (2011). Casos de Fraudes Corporativas Financeiras: antecedentes, recursos substantivos e simbólicos relacionados [Cases of Corporate Financial Frauds: background, related substantive and symbolic resources]. São Paulo, Brazil: Faculdade Getúlio Vargas.

Costa, A. P. P, & Wood Jr, T. (2012). Fraudes Corporativas [Corporate Fraud]. Revista de Administração de Empresas, 52(4), 464-472. https://doi.org/10.1590/S0034-75902012000400008

Cressey, D. R. (1953). Other people’s money: a study in the social psychology of embezzlement. Glencoe. IL: The Free Press.

Cronbach, L. J. (1951). Coefficient Alpha and the internal structure of tests. Psychometrika, 16, 297-334. https://doi.org/10.1007/BF02310555

Filgueiras, F. (2006). A Corrupção na Política: Perspectivas Teóricas e Metodológicas [Corruption in Politics: Theoretical and Methodological Perspectives]. Caderno Cedes.

Filgueiras, F. (2008a). Corrupção, democracia e legitimidade [Corruption, democracy and legitimacy]. Belo Horizonte, Brazil: UFMG.

Filgueiras, F. (2008b). Marcos teóricos da corrupção. In: Avritzer, Leonardo et al. (Org.). Corrupção: ensaios e críticas [Corruption: essays and critics]. Belo Horizonte, Brazil: UFMG, 353-361.

Filgueiras, F. (2009). Tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social [Corruption tolerance in Brazil: an antinomy between moral norms and social practice]. Campinas, Brazil: Opinião pública, 15(2), 386-421. https://doi.org/10.1590/S0104-62762009000200005

Fishbein, M. A., & Ajzen, I. (1975). Belief, attitude, intention and behaviour: An introduction to theory and research, Reading, Massachusetts, USA: Addison-Wesley.

Guimarães, T. A. (2004). Ambiente de aprendizagem e cultura em organizações: estudo de caso em organização militar [Learning environment and culture in organizations: a case study in a military organization]. Revista de Administração, 39(3), 231-241.

Hemraj, M. B. (2004). Preventing corporate scandals. Journal of Financial Crime, 11(3), 268-276. https://doi.org/10.1108/13590790410809202

Hencsey, A. C. (2016). A definição, o processo de racionalização no triângulo de fraude e a complexidade de sua construção psicológica [The definition, the rationalization process in the fraud triangle and the complexity of its psychological construction]. Working Papers n. 53/2016. Observatório de Economia e Gestão de Fraude.

Hora, H. R. M., Monteiro, G. T. R., & Arica, J. (2010). Confiabilidade em Questionários para Qualidade: Um estudo com o Coeficiente Alfa de Cronbach [Reliability in Quality Questionnaires: A study with Cronbach's Alpha Coefficient]. Produto & Produção, 11(2), 85-103. https://doi.org/10.22456/1983-8026.9321

Huntington, S. P. (1975). A Ordem Política nas Sociedades em Mudança [The Political Order in Changing Societies]. Rio de Janeiro Brazil: Editora Forense-Universitária; São Paulo, Brazil: Editora da Universidade de São Paulo.

Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1976). Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, 3, 305-360. https://doi.org/10.1016/0304-405X(76)90026-X

Key, V. O. (1936). The techniques of political graft in the United States. Chicago, USA: University of Chicago.

Klynveld Peat Marwick Goerdeler (KPMG). (2004). KPMG Malaysia Fraud Survey 2004 Report. Kuala Lumpur.

Lorente, V. M. (2016). Corrupção no Brasil e estratégias de combate [Corruption in Brazil and combat strategies]. Revista Brasileira de Estudos da Função Pública – RBEFP, 14, 203-257.

Machado, M. R. R., Gartner, I. R. (2017). Triângulo de fraudes de Cressey (1953) e teoria da agência: estudo aplicado a instituições bancárias brasileiras [Cressey's fraud triangle (1953) and agency theory: a study applied to Brazilian banking institutions]. Revista Contemporânea de Contabilidade, 14(32), 108-140. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2017v14n32p108

Machado, M. R., & Paschoal, B. (2016). Monitorar, investigar, responsabilizar e sancionar: A multiplicidade institucional em casos de corrupção [Monitor, investigate, hold accountable and sanction: The institutional multiplicity in corruption cases]. Novos estudos. CEBRAP [online], 35(1), 11-36. https://doi.org/10.25091/S0101-3300201600010001

Marani, S. C. Z, Brito, M. J., Souza, G. C., & Brito, V. G. P. (2018). Os sentidos da pesquisa sobre corrupção [The meanings of research on corruption]. Revista de Administração Pública, 52(4), 712-730. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7612175197

Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica [Fundamentals of scientific methodology]. (5th ed.). São Paulo, Brazil: Atlas.

Matthiensen, A. (2011). Uso do Coeficiente Alfa de Cronbach em Avaliações por Questionários [Use of Cronbach's Alpha Coefficient in Questionnaire Assessments]. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima.

Mendes, R. C., Oleiro, W. N., & Quintana, A. C. (2008). A Contribuição da Contabilidade e Auditoria Governamental para uma Melhor Transparência na Gestão Pública em Busca do Combate Contra a Corrupção [The Contribution of Government Accounting and Auditing to a Better Transparency in Public Management in Search of Combating Corruption]. SINERGIA, 12(2), 37-48.

Miranda, L. F. (2018). Unificando os conceitos de corrupção: uma abordagem através da nova metodologia dos conceitos [Unifying the concepts of corruption: an approach through the new methodology of concepts]. Revista Brasileira de Ciência Política, 25, 237-272. https://doi.org/10.1590/0103-335220182507

Nascimento, A. S., Aragão, I. R. B. N., Gomes, C. A. S., & Casa Nova, S. P. C. (2013). Pesquisa Científica e a Construção do Conhecimento: Possibilidade e Prática ou Utopia? [Scientific Research and the Construction of Knowledge: Possibility and Practice or Utopia?]. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, 1(2), 106-122. https://doi.org/10.18405/recfin20130207

NBC TA 240 (R1). (2016). Responsabilidade do auditor em relação a fraude, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis [Auditor's responsibility in relation to fraud, in the context of the audit of financial statements]. Brasília, Brazil: Conselho Federal de Contabilidade.

Oliveira, M. Q., Pizanni, M. A., & Faria, J. A. (2015). A interdisciplinaridade na formação do contador e sua contribuição para o desenvolvimento de competências no âmbito organizacional [The interdisciplinarity in the formation of the accountant and its contribution to the development of competences in the organizational scope]. Revista de Estudos Contábeis, 6(11), 23-45.

Oliveira Júnior, T. M, Costa, F. J. L., & Mendes, A. P. (2016). Perspectivas Teóricas da Corrupção no Brasil: Características, Limites e Alternativas [Theoretical Perspectives on Corruption in Brazil: Characteristics, Limits and Alternatives]. Revista Do Serviço Público, 67(ed. Especial), 111- 137. https://doi.org/10.21874/rsp.v67i0.881

Perera, L. C. J., Freitas, E. C., & Imoniana, J. O. (2014). Avaliação do sistema de combate às fraudes corporativas no Brasil [Evaluation of the system to combat corporate fraud in Brazil]. Revista Contemporânea de Contabilidade, 11(23), pp. 3-30. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2014v11n23p3

Petrucelli, J. R. (2013). Detecting Fraud in Organizations: Techniques, Tools, and Resources. United States of America: John Wiley & Sons. https://doi.org/10.1002/9781118555972

Petrucelli, J. R., & Peters, J. R. (2017). Preventing Fraud and Mismanagement in Government: Systems and Structures. United States of America: John Wiley & Sons. https://doi.org/10.1002/9781119220046

Rangel, R., & Tonon, D. H. P. (2017). A Teoria Econômica do Crime e a Teoria da Complexidade: as bases para um ensaio sobre a natureza da corrupção no Brasil [The Economic Theory of Crime and the Theory of Complexity: the basis for an essay on the nature of corruption in Brazil]. Revista de Estudos Sociais, 19(38), 86-105. https://doi.org/10.19093/res5025

Santos, R. A. (2016). Modelo preditivo de fraude ocupacional nas organizações privadas [Predictive model of occupational fraud in private organizations]. São Paulo, Brazil: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Schramm, F. S. (2018). O Compliance como Instrumento de Combate à Corrupção no Âmbito das Contratações Públicas [Compliance as an Instrument to Combat Corruption in the scope of Public Contracts]. Santa Catarina, Brazil: Universidade Federal de Santa Catarina.

Silva, M.F.G. A. (1996). Economia Política da Corrupção [Political Economy of Corruption]. São Paulo, Brazil: Fundação Getúlio Vargas.

Sobral, E. F. M. (2014) Corrupção e os Seus Efeitos Sobre a Dinâmica do Crescimento Econômico Regional: uma Análise do Caso Brasileiro [Corruption and its effects on the dynamics of regional economic growth: an analysis of the Brazilian case]. Pernambuco, Brazil: Universidade Federal de Pernambuco.

Torres, F. R. (2006). Aprendizagem e Institucionalização de Práticas de Controle Externo: o papel de visitas técnicas do Tribunal de Contas da União [Learning and Institutionalization of External Control Practices: the role of technical visits by the Federal Court of Auditors]. Brasília, Brazil: Universidade de Brasília.

Transparency International. (2018). Índice de Percepção da Corrupção [Corruption Perception Index]. Retrieved from https://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/

Transparency International. (2019). Barômetro Global da Corrupção: América Latina e Caribe [Global Corruption Barometer: Latin America and the Caribbean]. Opiniões e Experiências dos Cidadãos Relacionadas à Corrupção. Retrieved from https://barometro.transparenciainternacional.org.br/

Tribunal de Contas da União. (2018). Referencial de combate a fraude e corrupção: aplicável a órgãos e entidades da Administração Pública [Reference for combating fraud and corruption: applicable to Public Administration bodies and entities]. Brasília, Brazil: Tribunal de Contas da União.

Vieira, J. B., & Barreto, R. T. S. (2019). Governança, gestão de riscos e integridade [Governance, risk management and integrity]. Brasília, Brazil: Enap.

Wells, J. T. (2014). Principles of Fraud Examination. (4th ed.), United States of America: John Wiley & Sons.

Weisenborn, D., & Norris, D. M. (1997). Red flags of management fraud. National Public Accountant, 42(2), 29-34.

Arquivos adicionais

Publicado

2022-06-30

Como Citar

Silva, V. K. R. da, & Sousa, R. G. de. (2022). Interconexão entre acadêmicos e profissionais sobre as práticas de resposta à fraude e à corrupção no setor público. Revista Contemporânea De Contabilidade, 19(51), 19–36. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2022.e78128

Edição

Seção

Artigos