Mulheres frente à recessão econômica e a austeridade: uma interpretação da economia feminista

Autores

  • Iriana Lima Cadó UNICAMP
  • Juliane da Costa Furno UNICAMP

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8085.2020.e72033

Resumo

O presente artigo tem por objetivo lançar um olhar, sob o viés da economia feminista, para trajetória das mulheres no mercado de trabalho diante da recessão econômica (2014-2015) e posteriormente diante da aplicação de um conjunto de políticas de austeridade. A hipótese que circunda este estudo é que homens e mulheres por assumirem papéis sociais distintos, consequências da consolidação de um imaginário social sobre o que é ser homem e ser mulher, são impactados diferentemente. A economia feminista vem se debruçando na tentativa de interpretar as diferentes trajetórias destes sujeitos na esfera produtiva, questionando a universalidade e neutralidade das categorias convencionais, apontando para a ideia de que decisões econômicas se colocam de forma distinta para os atores sociais. Para isso lançaremos mão da discussão teórica da crítica da economia feminista ao pensamento econômico clássico, e olharemos para os indicadores oficiais do IBGE para correlacionar com o processo vivenciado no Brasil no período citado.

Biografia do Autor

Iriana Lima Cadó, UNICAMP

Especialista em economia social e do trabalho e mestranda em desenvolvimento econômico pelo iInstituto de Economia da Unicamp.

Juliane da Costa Furno, UNICAMP

Doutorando em Desenvolvimento econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp.

Referências

AVILA, Maria Betania de Melo. O tempo do trabalho das empregadas domésticas: entre dominação/exploração e resistência. tese/Doutorado Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Recife, 2009.

BALTAR, Paulo et al. Trabalho no governo Lula: Uma reflexão sobre a experiência recente. GLOBAL LABOUR UNIVERSITY WORKING PAPERS PAPER NO. 9, May 2010.

BALTAR, Paulo. Crescimento da Economia e mercado de trabalho no Brasil. In Calixtre, A. et al. Presente e Futuro do desenvolvimento brasileiro. Brasília: IPEA, 2015. pp- 423-468.

BECKER, Gary. A theory of the allocation of time. Economic Journal 75 (299): 493-517. 1965.

BRUSCHINI, Cristina. LOMBARDI, Maria Rosa. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cad. Pesqui. [online]. 2000, n.110, pp.67-104. ISSN 0100-1574

CARRASCO, Cristina. A ECONOMIA FEMINISTA: UM PANORAMA SOBRE O CONCEITO DE REPRODUÇÃO. In: Dossiê Economia Feminista. Revista Temáticas, Campinas, 26, (52): 23-30, ago./dez. 2018

FAGNANI, Eduardo. Notas sobre o desenvolvimento social recente no Brasil. Texto para Discussão nº 198. Instituto de Economia UNICAMP, Campinas, 2011

FERNANDES, R.; FELÍCIO, F. O ingresso de esposas na força de trabalho como resposta ao desemprego dos maridos: uma avaliação para o Brasil metropolitano. In: Mercado de trabalho no Brasil: salário, emprego e desemprego numa era de grandes mudanças, Rio de Janeiro, 2002.

FREITAS, Taís. A quem serve a disponibilidade das mulheres? Relações entre gênero, trabalho e família. 2016. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Estadual de Campinas.

FURNO, Juliane da Costa. A Longa Abolição no Brasil: transformações recentes no trabalho doméstico. Dissertação de Mestrado. Instituto de Economia/UNICAMP, Campinas, 2016.

GRECCO, Fabiana, FURNO, Juliane da Costa; TEIXEIRA, Marilane Oliveira. Apresentação. In: Dossiê Economia Feminista. Revista Temáticas, Campinas, 26, (52): 23-30, ago./dez. 2018

HIRATA, Helena e HUMPRHEY, John. Trabalhadores Desempregados: Trajetórias de Operárias e Operários Industriais no Brasil. RBCS. v.4, n. 11, outubro de 1989.

HIRATA, Helena. Nova Divisão Sexual do Trabalho? São Paulo: Ed. Boitempo, 2002

HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. NOVAS CONFIGURAÇÕES DA DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO. Cadernos de Pesquisa, v .37. n. 132, p. 595-609. set/dez 2007

HIRATA, Helena. Mudanças e permanências nas desigualdades de gênero: divisão sexual do trabalho numa perspectiva comparativa. ANÁLISE nº 7/2015 Fundação Friedrich-Ebert-Stiftung (FES), São Paulo, 2015

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (PNAD)

Karamessini, Maria; Rubery, Jill (eds.) (2014),Women and Austerity–The Economic Crisis and the Future for Gender and Equality , Londres, Routledge.

KARTCHEVSKY, Andrée. Introdução. In: O sexo do Trabalho. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

KERGOAT, Danièle. Em defesa de uma sociologia das relações sociais. In. O sexo do Trabalho. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

KERGOAT, Daniéle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: Trabalho e cidadania ativa para as mulheres. Prefeitura Municipal de São Paulo: Coordenadoria especial da mulher. São Paulo, 2003.

KREIN, José Dari; SANTOS, Anselmo Luis dos; NUNES, Bartira Tardelli. Trabalho no governo Lula: avanços e contradições. Texto para discussão nº 201. Instituto de Economia Unicamp. Campinas, Fevereiro, 2012.

LUNDBERG, S. The Add worker effect: a reappraisal. NBER working paper series, Cambridge, n. 706, 1981.

MELLO, Guilherme. Os primeiros resultados do ajuste: presente sombrio, futuro incerto. In: Ajuste econômico, renúncias fiscais e seguridade social. Revista Social de Desenvolvimento. Ano 3 Maio. 2015.

MILLIOS, J. (2015). Austerity isn’t irrational. Jacobin Magazine, Setembro de 2015.

Ministério da Educação (BR). Relatório educação para todos no Brasil, 2000-2015. Brasília: MEC; 2014.

Muñoz, L. & Madroño, P. (2011). La desigualdade de género en las crisis económicas. In Investigaciones Feministas,

NAROTZKY, Susana. Antropología Económica: Nuevas tendências. Melusina, Barcelona 2004

NOGUEIRA, Claudia Mazzei. O trabalho Duplicado: a divisão sexual do trabalho e na reprodução: um estudo das trabalhadoras de telemarketing. São Paulo: Expressão Popular, 2006.

PICCHIO, Antonella. Trabalho feminino no cerne do mercado de trabalho. In: Dossiê Economia Feminista. Revista Temáticas, Campinas, 26, (52): 23-30, ago./dez. 2018

PICCHIO, Antonella. Social reproduction: the political economy of the labour market. Cambridge: University Press, 1994.

PICCHIO, Antonella. Visibilidad analítica y política Del trabajo de reproducción social. In: Mujeres y Economía: nuevas perspectivas para viejos y nuevos problemas. CARRASCO, Cristina (org). Icaria Antrazyt. Barcelona, 2003.

ROSSI, P. MELLO, G. (2016) Componentes Macroeconômicos e Estruturais da Crise Brasileira: o Subdesenvolvimento Revisitado, Brazilian Keynesian Review, 2 (2), p.252-263

ROSSI, P. MELLO, G. “Choque recessivo e a maior crise da história: A economia brasileira em marcha à ré”. Nota do Cecon, n.1, Abril de 2017.

TEIXEIRA, Marilane Oliveira. Desigualdades salariais entre homens e mulheres a partir da abordagem de economistas feministas. Niterói, Revista Gêneros, v.9, n.1, p. 31-45. Sem 2008.

TEIXERA, Marilane. Formalização do emprego e permanência das desigualdades de gênero. Fundação Friedrich Ebert, São Paulo, 2014

TEIXERA, Marilane. Um olhar da economia feminista para as mulheres: os avanços e as permanências das mulheres no mundo do trabalho entre 2004 e 2013. 2017. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico, Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas.

TEIXEIRA, Marilane. A crise econômica e as políticas de austeridade: efeitos sobre as mulheres. In: Economia para Poucos. Impactos Sociais da Austeridade e Alternativas para o Brasil, ROSSI, DWECK & OLIVEIRA (org). Autonomia Literária. São Paulo, 2018

Downloads

Publicado

2020-06-30

Edição

Seção

Artigos