Esta é uma versão desatualizada publicada em 2020-12-14. Leia a versão mais recente.

Efeito de determinantes da renda de estabelecimentos agropecuários familiares do Sul do Brasil: os recursos e as capacidades percebidas no uso da informação

Autores

  • Luis Augusto Araujo Epagri

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8085.2020.e67079

Resumo

Objetivo: O artigo analisa os efeitos de determinantes da renda de estabelecimentos agropecuários familiares da região Sul do Brasil, nos anos agrícolas 2014/15, 2015/16, 2016/17 e 2017/18, a partir da disponibilidade de recursos e capacidades percebidas no uso da informação, tendo como referencial teórico a Visão Baseada em Recursos (VBR). Método: A pesquisa assume características de estudo quantitativo, qualitativo, exploratório e descritivo. Uma equação de renda por regressão linear múltipla foi ajustada. Os dados, de uma amostragem intencional, foram obtidos de levantamento contábil, da aplicação de questionário e de grupos focais conduzidos junto aos agricultores. Resultado: Os estabelecimentos agropecuários apresentam variabilidade de renda, que, no limite superior, atinge valores próximos a R$ 90.000,00/unidade de trabalho homem e, no limite inferior, revelam valores próximos a zero em alguns anos. Entre os principais determinantes da renda, os custos reais apresentaram o maior efeito marginal e positivo entre todas as variáveis independentes, superando significativamente às demais variáveis analisadas. Outros determinantes revelaram relação negativa com a renda, como aqueles relacionados ao trabalho familiar e contratado. Em sua face qualitativa, identificou-se que os agricultores percebem suas capacidades no uso da informação como fortaleza, obtendo-se sete categorias de análise relacionadas às fontes de informação e seu uso. Conclusões: Os resultados da pesquisa se alinham às ideias da VBR, em que importa o modo como os recursos são combinados para gerar renda (valor) e não, simplesmente, a posse de recursos, e permitiu identificar um gap de conhecimento nessa área a ser suprido por meio de novas pesquisas.

Biografia do Autor

Luis Augusto Araujo, Epagri

Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (CEPA) da Epagri.

Referências

ALVES, E.; SOUZA, G. D.; ROCHA, D. D. Lucratividade da agricultura. Revista de Política Agrícola, v. 21, p.2, p. 45-63, 2012.

ARAÚJO, L. A. et al. Agronegócios familiares do Sul do Brasil: percepções do agricultor sobre o seu ambiente. Florianópolis, SC: Epagri, 2017. 60 p. (Boletim técnico, 181). Disponível em: http://docweb.epagri.sc.gov.br/website_cepa/publicacoes/Agronegocios_ familiares_Sul_Brasil.pdf Acesso em: 5 fev. 2018.

ARAÚJO, L. A. Indicadores técnicos e econômicos para a gestão de propriedades rurais produtoras de fumo em Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 63 p., 2009. (Epagri. Documentos, 233).

ARAÚJO, L. A.; DE ARAUJO, A. R. M.; CATAPAN, E. As capacidades percebidas de gestão e a renda de agricultores do Sul do Brasil: um enfoque da Visão Baseada em Recursos. International Congress of Knowledge and Innovation - Ciki, [S.l.], v. 1, n. 1, sep. 2017. ISSN 2318-5376. Available at: http://proceeding.ciki.ufsc.br/index.php /ciki/article/view/284 Acesso em: 20 mar. 2018.

ARMSTRONG, C.E.; SHIMIZU, K. A review of approaches to empirical research on the resource-based view of the firm. Journal of Management, 33(6), 959-986, 2007. https://doi.org/10.1177/0149206307307645. Acesso em: 01 ago. 2019.

AREND, S.C; DEPONTI, C.M; KIST, R.B. O uso de TIC pela agricultura familiar no território do citrus: Vale do Caí–RS. Informe GEPEC. 2016 Jul;20(2):71-84. Disponível em: http://saber.unioeste.br/index.php/gepec/article/view/15638 Acesso em: 20 mar. 2018.

BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Redes de Cooperação Empresarial: Estratégias de Gestão na Nova Economia. Bookman Editora, 2016.

BARBOSA, Alexandre F. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC domicílios 2016. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2017. p. 31-37. Disponível em: http://cetic.br/media/docs/publicacoes /2/TIC_DOM_2016_Livro Eletronico.pdf Acesso em: 23 mar. 2018.

BARBOSA, R. de A.; MACHADO, A. G. C. Estratégias de inovação sob a perspectiva da Visão Baseada em Recursos: um estudo na Embrapa. Gestão & Regionalidade (Online), v. 29, n. 87, 2013.

BARNEY, J. B.; ARIKAN, A. M. The resource-based view: origins and implication. In: HITT, M. A. et al. The Blackwell Handbook of Strategic Management. Oxford: Blackwell, 2001.

BINOTTO, E.; NAKAYAMA, M. K.; SIQUEIRA, E. S. A criação de conhecimento para a gestão de propriedades rurais no Brasil e na Austrália. Rev. Econ. Sociol. Rural, Brasília, v. 51, n. 4, p. 681-698, Dec. 2013. Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=010320032013000400004&lng=en&nrm=iso Acesso em: 20 Mar. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/ S010320032013000400004

BIRKINSHAW, J.; MARK, K. 25 ferramentas de gestão: um guia sobre os conceitos mais importantes ensinados nos melhores MBA’s do mundo. São Paulo: HSM, 2017. 200 p.

CARVALHO, D. M.; PRÉVOT, F.; MACHADO, J. A. D. O uso da teoria da visão baseada em recursos em propriedades rurais: uma revisão sistemática da literatura. Revista de Administração, 49(3), 506-518. 2014.

COLLIS, D. J.; MONTGOMERY, C. A. Competing on Resources: Strategy in the 1990s. Harvard Business Review, 73 (July-August), 118-128, 1995.

DA SILVA, C.; SIMIONI, F. J.; TALAMINI, E. Fatores determinantes da renda de famílias rurais do município de Painel-SC. Revista Teoria e Evidência Econômica, v. 15, n. 32, 2009.

DESARBO, W. S.; DI BENEDETTO, C. A.; JEDIDI, K.; SONG, M. Identifying sources of heterogeneity for empirically deriving strategic types: a constrained finite-mixture structural-equation methodology. Management Science, 52(6), 909-924, 2006.

DRUCKER, Peter Ferdinand. As fronteiras da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

GRANT, R. M. The resource-based theory of competitive advantage: implications for strategy formulation. California management review, 33(3), 114-135, 1991.

GRAZIANO DA SILVA, J. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp-IE, 1999.

GOHR, C. F. et al. Recursos estratégicos e vantagem competitiva: aplicação do modelo VRIO em uma organização do setor sucroalcooleiro. Revista Gestão Organizacional, v. 4, n. 1, p. 60, 2011.

HAYASHI P.; ITO, N.; PRADO-GIMENEZ, F.A.; PONGELUPPE, L. Entendimentos e desentendimentos da pesquisa empírica da visão baseada em recursos: uma abordagem exploratória. Estudios Gerenciales. Dec;34(149):469-80, 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Censo Agropecuário de 2017. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/ censoagro Acesso em: 1 jul. 2019.

KAGEYAMA, A.; HOFFMANN, R. Determinantes da renda e condições de vida das famílias agrícolas no Brasil. Economia. 2000 Jul;1(2):147-83.

KAGEYAMA, A. Produtividade e renda na agricultura familiar: efeitos do PRONAF-crédito. Agricultura em São Paulo. Jul; v. 50, n.2, p.1-3, 2003. Disponível e: http://www.iea.sp.gov.br/out/publicacoes/pdf/asp-2-03-1.pdf Acesso em: mar. 2019.

KAHNEMAN, D. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

KAY, R. D.; EDWARDS, W. M; DUFFY, P. A. Gestão de Propriedades Rurais - 7. AMGH Editora; 2014.

KULL, A. J.; MENA, J. A.; KORSCHUN, D. A. Resource-based view of stakeholder marketing. Journal of Business Research, 69(12), 5553-5560, 2016. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2016.03.063. Acesso em:

LIRA, W. S.; CÂNDIDO G. A.; ARAÚJO, G. M. DE; BARROS, M. A. DE. A busca e o uso da informação nas organizações. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pci/v13n1/v13n1a11. Acesso em: 17 jul. 2019.

MACHADO, J. G. de C. F. Adoção da tecnologia da informação na pecuária de corte. 219 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2008.

MANASSERO, M., GARCÍA, E.; TORRENS, G.; RAMIS, C.; VÁZQUEZ, A.; FERRER, Y V. Teacher burnout: atributional aspects. Psichology in Spain, v. 10, n.1, p. 66-74, 2006. Disponível em: psychologyinspain.com/content/full/2006/full.asp?id=10007 Acesso em: 18 jan. 2018.

MENDES, C. I. C.; BUAINAIN, A. M.; FASIABEM, M. C. R. Uso do computador e internet nos estabelecimentos agropecuários brasileiros. In: MASSRUHÁ, S. M. F. S. et al. Tecnologias da informação e comunicação e suas relações com a agricultura. Brasília, DF: Embrapa, 2014. p. 25-32. Disponível em: https://ainfo.cnptia. embrapa.br/digital/bitstream/item/130792/1/livro-procisur-portugues-completo-reduzido.pdf Acesso em: 23 mar. 2018.

MINTZBERG, H. Managing: desvendando o dia a dia da gestão. Tradução de Francisco Araújo da Costa. Revisão Técnica: Roberto Fachin, 2010.

MOURA, M. F; PEREIRA, N. A; RECH, I. J. Análise Quanto ao Uso de Ferramentas e Informações Gerenciais pelos Produtores de Gado de Corte. Revista Evidenciação Contábil & Finanças. Oct 29;4(3):72-88, 2016. Disponível em: http://periodicos.ufpb .br/index.php/recfin/article/view/28869. Acesso em: 23 mar. 2018.

NAVES, M. M. L. Considerações sobre gerência de recursos informacionais. Perspectivas em Ciência da Informação, [S.l.], v. 4, n. 1, nov. 2007. ISSN 19815344. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/593/362. Acesso em: 17 jul. 2019.

NEY, M. G. et al. Desigualdade de renda na agricultura: o efeito da posse da terra. Economia, v. 4, n. 1, p. 113-152, 2003.

NISSEN, M. Organization Design for Dynamic Fit: a review and a projection. Journal of Organization Design, 3(2), 30-42, 2014. https://doi. org/10.7146/jod.8196

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008.

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Cap.2: Conhecimento e administração, p.23-59.

PENROSE, E. T. The Theory of the Growth of the Firm. Oxford: Oxford University, 1959.

PELAEZ, V. Edith Penrose -Teoria do crescimento da firma. Revista Brasileira de Inovação, 6(2), 461-467, 2007. Available from: https://www.researchgate.net/publication/ 47690787_Edith_Penrose_Teoria_do_crescimento_da_firma. Acesso em: Jul 16 2019.

PRAHALAD, CK.; HAMEL, Gary. The Core Competencies of the Corporation. Harvard Business Review. 1990.

RITT, Douglas et al. A apropriação de tecnologias de gestão pela agricultura familiar no Vale do Caí. Revista Jovens Pesquisadores, Santa Cruz do Sul, v. 7, n. 1, p. 118-131, jan. 2017. ISSN 2237-048X. Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/jovenspesquisadores/article/view /8871. Acesso em: 20 mar. 2018. doi: http://dx.doi.org/10.17058/rjp.v7i1.8871.

RUGMAN, A. M.; VERBEKE, A. "Edith Penrose's contribution to the resource‐based view of strategic management." Strategic management jornal, 23.8: 769-780, 2002.

SERRA, F. R.; FERREIRA, M. P.; PEREIRA, M. F. Evolução da pesquisa brasileira em Resource-Based View (RBV): estudo das ENANPAD na área de estratégia entre 1997-2006. Revista Brasileira de Estratégia, 1(1), 39-56, 2008.

SILVA, J. G. et al. Tecnologia e campesinato: o caso brasileiro. Revista de Economia Política, v. 3, n. 4, p. 21-56, 1983.

SILVA, A.H. Rituais corporativos como estratégia de legitimação dos valores organizacionais em empresas familiares. 2012. Disponível em: http://repositorio.ufsm.br /handle/1/4601 Acesso em: 26 fev. 2018.

VALLANDRO, L. F. J.; TREZ, G. Visão baseada em recursos, estratégia, estrutura e performance da firma: uma análise das lacunas e oportunidades de pesquisas existentes no campo da administração estratégica. Análise–Revista de Administração da PUCRS, 24(1), 79-81, 2015.

VAN DEURSEN, A.; VAN DIJK, J. The digital divide shifts to differences in usage. New Media & Society, 16 (3), 507-526, 2014.

VIERO, V.C; DA SILVEIRA, A.C. Apropriação de tecnologias de informação e comunicação no meio rural brasileiro. Cadernos de Ciência & Tecnologia. Jan 1;28(1):257-77, 201. Disponível em: http://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/view/12042 Acesso em: 20 mar. 2018.

WERNERFELT, B. A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal, 5(2), 171-180, 1984.

ZANIN, A; OENNING, V; TRES, N; DALMUTT KRUGER, S.I, GUBIANI, C.A. Gestão das propriedades rurais do Oeste de Santa Catarina: as fragilidades da estrutura organizacional e a necessidade do uso de controles contábeis. Revista Catarinense da Ciência Contábil. 13(40), 2014.

Downloads

Publicado

2020-12-14

Versões

Edição

Seção

Artigos