Escolaridade e inserção em setores por intensidade tecnológica: uma análise à partir da PNADC no período de 2012 a 2019
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8085.2022.e86941Palavras-chave:
Oferta de mão de obra, Escolaridade, AprendizadoResumo
Este artigo procura ilustrar que o aumento da escolaridade não tem representado ganhos de aprendizado e de produtividade, porque os anos de estudos não tem se traduzido no desenvolvimento de habilidades relevantes para o mercado de trabalho. O processo de aprendizado e de construção de competências enfrenta dois obstáculos que são conectados: 1) baixa proporção de indivíduos que alcançam a educação superior; 2) escassez de espaços nos quais os graduados encontram trabalho para aplicar o conhecimento que adquiriam, de forma a darem continuidade ao processo de aprendizado (Arocena e Sutz, 2010). Para isto são utilizados dados da PNAD Continua (PNADC) do IBGE para o período de 2012 a 2019 como uma proxy da oferta de mão-de-obra qualificada. Os setores industriais das empresas foram classificados pela intensidade da atividade tecnológica de acordo com taxonomia da OCDE. Foram estimados modelos logit multinomiais, tanto para os ocupados na indústria quanto no setor de serviços. Os resultados indicam que maior escolaridade e qualificação profissional contribuem para a inserção do trabalhador em setores de maior intensidade tecnológica, favorecendo, portanto, a continuidade do processo de aprendizado. Por sua vez, os dados também evidenciam os efeitos macroeconômicos e conjunturais nas decisões microeconômicas das empresas, o que refletiu no aumento da probabilidade de inserção de trabalhadores em setores de menor intensidade tecnológica, para qualquer nível de escolaridade, após 2015.
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