Carapina - Um território, duas realidades: narrativas de uma população (in) visível

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1806-5023.2023.e96934

Palavras-chave:

Carapina , Território, Periferia, Invisibilidade

Resumo

Este artigo traça um retrato das experiências e desafios do Carapina, bairro periférico da cidade mineira de Governador Valadares. Destacam-se narrativas que territorializam suas faces (in)visíveis, a partir de duas realidades: a periferia acessível e reconhecida legalmente, e o chamado “Buracão”, região no seu interior, estigmatizada e sem acesso a recursos públicos. Trata-se de um estudo etnográfico, que adotou o método da observação participante e o registro em diário de campo feito em uma disciplina de doutorado. Conclui-se que ao se pensar a cidade enquanto laboratório social e o direito à cidade, a questão da invisibilidade pública pela segregação espacial é evidenciada no Carapina, pois aponta para nuances das interações sociais que se desdobram na referida da comunidade, constituindo multiterritorialidades específicas relevantes na luta por seu reconhecimento.

Biografia do Autor

Franco Dani Araújo e Pinto, Universidade Vale do Rio Doce

Doutor em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Docente do Programa de Pós-Graduação em Gestão Integrada do Território (PPGGIT), na Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Governador Valadares-MG, Brasil.

Edmarcius Carvalho Novaes, Universidade Vale do Rio Doce

Doutor em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Docente do Programa de Pós-Graduação em Gestão Integrada do Território (PPGGIT), da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Governador Valadares-MG, Brasil.

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Publicado

2024-03-11