Império e escravização no mundo romano: apontamentos para uma reflexão continuada
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e103938Palavras-chave:
Escravidão antiga, Zona de não-escravização, Império romanoResumo
Esta resposta ao artigo de Joly e Knust revisita os conceitos gêmeos de zona de escravização/ não-escravização de Jeffrey Fynn-Paul, que os autores utilizam para estruturar sua interessante proposta de abordagem à escravidão mediterrânica antiga pela perspectiva da História Global. Será retomada brevemente a gênese do conceito de zona de (não-)escravização e seu desenvolvimento. Em seguida, será feita uma breve apreciação de como esse modelo pode ser relacionado com debates historiográficos sobre o problema da diversidade das formas de escravização vigentes no império romano dos primeiros dois séculos da era cristã, notando os obstáculos empíricos que complicam tentativas de quantificar tais formas de escravização e sua expressividade para a manutenção do sistema escravista do império romano. O modelo Fynn-Paul da zona de (não-)escravização parece entender o conceito de império como um tipo específico de estado territorial que cria uma sociedade civil interna coesa e pacífica, cuja demanda por mão de obra escravizada é atendida principalmente (embora não exclusivamente) através da escravização sistemática de pessoas provenientes de territórios externos às fronteiras imperiais. Parece haver escopo para reflexão continuada sobre em que medida tal modelo poderia ser repensado e/ou adaptado em vista das especificidades históricas das diferentes formas de escravização existentes no império romano, bem como das incertezas sobre a expressividade demográfica e/ou econômica de cada uma delas para a manutenção do sistema escravista mediterrâneo no contexto do império romano.
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