A invenção da diferença: a animalização como distinção do “eu” e do “outro” no imaginário ocidental nos séculos XVIII e XIX.
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2018v25n40p317Resumo
Neste artigo propomos uma discussão teórica sobre um dos expedientes mais correntes de diferenciação entre os homens, a animalização do “outro”. Através da análise de relatos de viagem e de obras de história natural nos sécs. XVIII e XIX, procuraremos demonstrar como a contestação da noção de humanidade enquanto atributo estático atingiu em cheio as concepções sobre a origem dos homens e aventou a possibilidade de uma hierarquização de suas experiências no mundo. Nossos esforços nos levaram a enfrentar um curioso paradoxo: os séculos XVIII e XIX – que viram florescer os ideais igualitários das revoluções burguesas – serão, ao mesmo tempo, o período em que esses valores se confinarão a grupos cada vez menores e em que se empunhará a diferença e a servidão de alguns sob o discurso da igualdade e da liberdade de outros.
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