Representação régia: uma questão de gênero (séculos XV-XVII)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2020.e70682Resumo
Este trabalho investiga a existência de uma cultura de Antigo Regime engendrada no Reino de Portugal e em seus domínios coloniais, desde o século XV até o XVII. Para tanto, colocamos sob análise as representações construídas sobre e pelos monarcas. Metodologicamente analisamos dois grupos de fontes documentais: o primeiro remete às cerimônias e aparições do Monarca e seus súditos, e o segundo, aos escritos régios que desvelam, de maneira clara e objetiva, comportamentos, hábitos e costumes marcadamente masculinizantes. Conclui-se que a literatura foi um importante pilar para a manutenção de uma cultura guerreira ibérica em declínio e para a propagação de modelos de masculinidade altamente viris no Reino e em suas colônias.
Referências
ALMEIDA, Miguel Vale de. Senhores de si: uma interpretação antropológica da masculinidade. Lisboa: Fim de século, 1995.
ALVES, Ana Maria. As entradas régias portuguesas: uma visão de conjunto. Lisboa: Horizonte, [19--].
ARAÚJO, Renata de. Lisboa: a cidade e o espetáculo na Época dos Descobrimentos. Lisboa: Horizonte, 1990.
BUESCU, Ana Maria. Na corte dos reis de Portugal: saberes, ritos e memórias: estudos sobre o século XVI. Lisboa: Colibri, 2011.
CARDIM, Pedro. Prefácio. In: MEGIANI, Ana Paula Torres. O Rei ausente: festa e cultura política nas visitas dos Filipes a Portugal (1581 e 1619). São Paulo: Alameda, 2004. p. 4-9.
CARDIM, Pedro. Entradas solenes, rituais comunitários e festas políticas: Portugal e Brasil, séculos XVI e XVII. In: JANCSÓ, István; KANTOR, Íris. Festa, cultura e sociabilidade na América portuguesa. São Paulo: Edusp, 2001. p. 97-124.
CONNEL, Robert W.; MESSERSCHMIDT, James W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 241-282, jan./abr. 2013.
CONNEL, Robert W. Masculinities. Cambridge: Polity Press, 1995.
COSTA, Ronaldo Pamplona da. Macho, masculino, homem. Porto Alegre: L&PM, 1986.
CUNHA, Mafalda Soares da. A Casa de Bragança 1569-1640: práticas senhoriais e redes clientelares. Lisboa: Estampa, 2000.
DIAS, Isabel. A arte de ser com cavaleiro. Lisboa: Estampa, 1997.
DIAS, Vera Lúcia Pian Ferreira. Livro da ensinança do bem cavalgar toda sela: contradições entre o mundo mental da nobreza e as transformações econômicassociais no século XV em Portugal. 1991. 152 p. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991.
DUARTE, Dom. Livro da ensinança de bem cavalgar toda sela. Lisboa: Typ. Rollandiana, 1843.
GOUVEIA, António Camões. La fiesta y el poder. El Rey, la corte y los cronistas Del Portugal del siglo XVI. In: Espanha. La fiesta em la Europa de Carlos V. Catálogo de Exposição (19/09/2000). Sevilha: Real Alcázar, Sociedad Estatal para la Conmemoración de los Centenarios de Felipe II e Carlos V, 2000. p. 97-124.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, v. 5, p. 7-41, 1995.
HERMANN, Jacqueline. No reino do desejado: a construção do sebastianismo em Portugal (séculos XV e XVII). São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
LACAN, Jacques. O Estádio do Espelho como formador da função do eu – tal como nos é revelada na experiência psicanalítica. In: LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 96-103.
LE ROY LADURIE, Emannuel. Saint-Simon ou o sistema da Corte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
MAGALHÃES, Joaquim Romero (coord.). História de Portugal: no alvorecer da modernidade (1480-1620). Vol. 3. Lisboa: Estampa,1997.
MARQUES, António Henrique Rodrigo de Oliveira. Introdução. In: MONGELLI, Lênia Márcia (coord.). A literatura doutrinária na Corte de Avis. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 11-21.
MATTOSO, José. Ricos-Homens, infanções e cavaleiros: a nobreza medieval portuguesa nos séculos XI e XII. 2ª ed. Lisboa: Guimarães Editores, 1985. (Col. História e Ensaios, nº 2)
MAUÉS, Fernando. As ensinanças do livro do cavalgar. In: MONGELLI, Lênia Márcia (coord.). A literatura doutrinária na Corte de Avis. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 201-242.
MEGIANI, Ana Paula Torres. O Rei ausente: festa e cultura política nas visitas dos Filipes a Portugal (1581 e 1619). São Paulo: Alameda, 2004.
MELO, Hildete Pereira de; MARQUES, Teresa Cristina de Novaes Marques. A partilha da riqueza na ordem patriarcal. Revista Econômica Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 155-179, jul./dez. 2001.
MONGELLI, Lênia Márcia (coord.). A literatura doutrinária na Corte de Avis. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
NASIO, Juan David. Lições sobre os 7 conceitos cruciais da psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
NOLASCO, Sócrates. De Tarzan a Homer Simpson: banalização e violência masculina em sociedades contemporâneas ocidentais. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
OLIVEIRA, Pedro Paulo. A construção social da masculinidade. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: UFMG; IUPERJ, 2004.
PAIVA, José Pedro. As festas de corte em Portugal, no período Filipino (1580-1640). Revista de História da Sociedade e da Cultura, Coimbra, n. 2, p. 11-28, 2002.
PALMA-FERREIRA, João. Prefácio. In: VASCONCELOS, Jorge Ferreira de. Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda. Lisboa: Lello Editores, 1998 [1567]. p. VII-XVIII.
PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão de classe. 2ª ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1998.
PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História, São Paulo, v. 24, n.1, p. 77-98, 2005.
PERROT, Michelle. Mulheres públicas. São Paulo: Unesp, 1998.
RAMÍREZ, Maria Isabel Montoya. Introdução. In: ALFONSO XI. Libro de la montería. Est. y ed. crítica por Maria Isabel Montoya Ramírez. Granada: Universidad de Granada, 1992. p. 8-25.
SAMARA, Eni de Mesquita. Família, mulheres e povoamento: SP, século XVIII. Bauru: EDUSC, 2003.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
SCOTT, Joan W. Experiência. In: SILVA, Alcione Leite da; SOUZA LAGO, Mara Coelho de; RAMOS, Tânia Regina Oliveira (org.). Falas de gênero: teorias, análises, leituras. Florianópolis: Mulheres, 1999. p. 21-55.
SCOTT, Joan W. O enigma da igualdade. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v 13, n. 1, p. 11-30, jan./abr. 2005.
SOUZA, Risonete Batista de. Montaria: a saborosa arte de formar o cavaleiro. In: MONGELLI, Lênia Márcia (coord.). A literatura doutrinária na Corte de Avis. São Paulo: Martins Fontes, 2001a. p. 155-200.
SOUZA, Risonete Batista de. O nobre jogo de andar ao monte e a ensinança das virtudes cavaleirescas. In: IV Encontro Internacional de Estudos Medievais, 2003, Belo Horizonte. IV Encontro Internacional de Estudos Medievais. Belo Horizonte: PUC Minas, 2001b. p. 706-714.
SCHPUN, Mônica Raisa (org.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo, 2004.
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 27, n. 54, p. 281-300, 2007.
VASCONCELOS, Jorge Ferreira de. Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda. Lisboa: Lello Editores, 1998 [1567].
VIANA JÚNIOR, Mário Martins. Masculinidades: ampliando o debate. Revista Fórum identidades, Itabaiana, v. 23, p. 87-108, jan./abr. 2017.
WILSHIRE, Donna. Os usos do mito, da imagem e do corpo da mulher na reimaginação do conhecimento. In: JAGGAR, Alison; BORDO, Susan (org.). Gênero/ corpo/ conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. p. 101-125.
WITTIG, Monique. La pensée straight. Paris: Editions Amsterdam, 2007.
WOLFF, Cristina Scheibe; PEDRO, Joana Maria; VEIGA, Ana Maria da (org.). Resistências, Gênero e Feminismos contra as Ditaduras no Cone Sul. Volume 1. Florianópolis: Mulheres, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A reprodução dos textos editados pela Esboços: histórias em contextos globais é permitida sob Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Será pedido aos autores que assinem a licença de acesso aberto antes da publicação.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores cedem à revista eletrônica Esboços: histórias em contextos globais (ISSN 2175-7976) os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).
- Essa licença permite que terceiros final remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado desde que atribua o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução ou como capítulo de livro).
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.