Goma-Arábica: produção saheliana, demanda atlântica, poder senegambiano (séc. XVII)
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e98475Palavras-chave:
Goma-Arábica, Senegâmbia, ComércioResumo
Este artigo analisa a produção e comércio de goma arábica na região da Senegâmbia, destacando o papel dos poderes políticos locais na condução das transações comerciais com os agentes atlânticos e com agentes comerciais de outras regiões do continente africano. A commoditie, extraída de árvores de acácia, era uma mercadoria versátil utilizada na Europa e na África para diversos fins, desde a indústria têxtil até a fabricação de alimentos e medicamentos. Agentes saarianos traziam a goma para os portos do rio Senegal, onde era comercializada com europeus. Embora os poderes senegambianos não estivessem envolvidos diretamente na produção da goma, eles se beneficiavam do comércio em seu território, impondo taxas e impostos aos comerciantes saarianos e atlânticos. A complexa dinâmica comercial entre agentes atlânticos e africanos vai além do comércio de escravos, e a goma-arábica destaca-se como uma importante mercadoria no comércio atlântico na África Ocidental durante a Era Moderna. Com esta análise, busca-se revelar a influência dos poderes políticos locais na condução do comércio atlântico e evidencia a importância econômica da goma-arábica na região, bem como sua relevância como um produto de comércio internacional.
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