Conflitos sociais, moralidade e justiça

Autores

  • Príscila Carvalho Doutorado concluído em abril de 2014 no IFCS/UFRJ.

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2015v14n1p13

Resumo

Este artigo apresenta a teoria da justiça desenvolvida por Axel Honneth, situando-a como continuação das formulações da Teoria Crítica em direção à solução da falha marxiana em identificar o potencial emancipador das questões de justiça, problema diagnosticado pelos primeiros teóricos críticos, porém não solucionado pelos mesmos. Procuro mostrar como Honneth se filia às inspirações emancipatórias da teoria marxista enquanto teórico crítico, ao mesmo tempo em que busca o aprofundamento da noção de conflitos sociais ancorada na teoria de Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Honneth problematiza a interação social relacionando-as com os objetivos dos movimentos em defesa da identidade, enquanto questionamentos sobre injustiças culturais e seus desdobramentos materiais. O vazio a teórico a respeito da relação entre natureza moral dos conflitos sociais e a distribuição material seria o principal entrave à reflexão sobre a origem e a solução para injustiças sociais. Apesar de tomar os sentimentos e questionamentos morais embutidos nas lutas por reconhecimento como ponto de partida da sua teoria social, Honneth não se limita a eles, elencando os aspectos de caráter empírico e pós-metafísicos de outros autores no intuito de formular uma teoria da justiça crítica e emancipatória. O filósofo argumenta (2007) que a consciência do significado de reconhecimento nesses termos implica um “desafio premente às democracias”.  A teoria do reconhecimento como questão de justiça se constrói ao mesmo tempo numa perspectiva comunitária e crítica ao deontologismo kantiano, aderindo aos seus objetivos formais e universalizáveis. Ao longo do artigo é mantida a defesa de que os valores morais são inseparáveis da forma como as sociedades se estruturam, tal como mostra a tese honnethiana de justiça. Entretanto, procuro mostrar que a hipótese da geração exclusiva das injustiças sociais na esfera da cultura é ao mesmo tempo uma tese questionável e contraproducente para os objetivos emancipatórios estabelecidos pelo próprio Axel Honneth.

Biografia do Autor

Príscila Carvalho, Doutorado concluído em abril de 2014 no IFCS/UFRJ.

Atualmente desenvolve pesquisas e atividades de docência no âmbito do pós-doutorado (PNPD/CAPES) em Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF/UFRJ). É doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Filosofia pela mesma instituição e graduada em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Integra o grupo de pesquisa do Laboratório de Filosofia e Gênero e do G.P. "Reconhecimento e Redistribuição: Novas Formas de Combate aos estereótipos de Gênero" (IFCS/UFRJ). Dedica-se a pesquisar questões concernentes à Filosofia Política, Filosofia Prática, Ética e Ética Aplicada, focando-se principalmente em teorias da justiça social, teorias da democracia, teorias pós-colonialistas, movimentos Sociais, feminismo, ecofeminismo, teorias queer e estudos de gênero.

Referências

FRASER, Nancy., HONNETH, A. Redistribuition or Recognition? A political-philosophical Exchange. New York: Verso, 2003.

HEGEL, G.W.F. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução: Orlando Vitorino – São Paulo: Martins Fontes, 1997 [1820/1821].

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: A gramática moral dos conflitos sociais. Trad. Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34, [1992] 2003.

______________ Reconhecimento ou redistribuição? A mudança de perspectivas na ordem moral da sociedade. Teoria Crítica do Século XXI. Jessé Souza e Patrícia Mattos (org). São Paulo: Annablume, 2007.

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Publicado

2015-08-31

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Artigos