Bioética, universalismo e pluralismo: revisitando o problema do fundacionismo
DOI:
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2019v18n1p01Resumo
O presente artigo busca resgatar os fundamentos normativos da bioética de modo a tornar seu universalismo defensável e compatível com seu pluralismo, sem recorrer, de um lado, ao fundacionismo de modelos procedimentalistas, como o principialismo, e ao particularismo de doutrinas morais dadas, como as abordagens cristã, judaica e de outras religiões à bioética, de outro lado. Será mostrado que a concepção de pluralismo em bioética de Tristram Engelhardt permite uma reformulação da bioética judaico-cristã como um dos modelos mais razoáveis e defensáveis que satisfazem tais afirmações normativas, na medida em que promove um humanismo pluralista e uma visão universalizável dos direitos humanos, da socialidade e de preocupações ecológicas.Referências
BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Principles of Biomedical Ethics. New York: Oxford University Press, 1994.
BRASIL. Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm. Acesso em: 12 jun. 2019.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 4 maio 2019.
CAMPBELL, A.; GILLETT, G.; JONES, G. (org.). Medical Ethics. 4. ed. New York: Oxford University Press, 2004.
CLOTET, J. Bioética. Uma aproximação. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
DALL’AGNOL, D. Bioética: princípios morais e aplicações. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
DANIELS, N. Just Health Care. New York: Cambridge University Press, 1985.
EMRAN, S. A. Questioning Engelhardt’s assumptions in Bioethics and Secular Humanism. Medicine, Health Care and Philosophy, v. 2, n. 19, 2016. p. 169-176.
ENGELHARDT, H. T. Beyond the common Good: the priority of persons. In: SOLOMON, D. (ed.). The commom Good: chinese and american perspectives. New York: Springer, 2014. p. 21-44.
ENGELHARDT, H. T. A ética da ética clínica: reflexões críticas em face da diversidade moral. Revista Bioethikos, v. 6, n. 1, 2012.
ENGELHARDT, H. T. Come affrontare il pluralismo morale nella società occidentale post-tradizionale. Um ripensamento critico della bioética. Bioetica. Rivista interdisciplinare, v. 3, n. 3-4, p. 455-479, 2010.
ENGELHARDT, H. T. (ed.). Global Bioethics: The Collapse of Consensus. Salem, Mass.: M & M Scrivener Press, 2006.
ENGELHARDT, H. T. Fundamentos da bioética cristã ortodoxa. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
ENGELHARDT, H. T. Fundamentos da bioética. São Paulo: Edições Loyola, 1998.
ENGELHARDT, H. T. The Foundations of Bioethics. 2. ed. New York: Oxford University Press, 1996.
ENGELHARDT, H. T. Moral Content, Tradition, and Grace: rethinking the possibility of a Christian bioethcis. Christian Bioethics, v. 1, 1995.
ENGELHARDT, H. T. Bioethics and secular humanism: The search for a common morality. London: SCM Press, 1991.
ENGELHARDT, H. T. Bioethics in Pluralist Societies. Perspectives in Biology and Medicine, v. 1, p. 64-78, 1982a.
ENGELHARDT, H. T. The Emergence of a Secular Bioethics. In: BEAUCHAMP, T. L.; LEROY, W. Contemporary Issues in Bioethics. California: Wadsworth Pub. Co, 1982b. p. 65-72.
FOUCAULT, M. Naissance de la biopolitique. Cours au Collège de France, 1978-1979. Paris: Gallimard-Le Seuil, 2004.
GARRAFA, V.; PESSINI, L. (org.). Bioética: poder e injustiça. São Paulo: Loyola, 2003.
GARRAFA, V.; PRADO, M. Mudanças na Declaração de Helsinki: fundamentalismo econômico, imperialismo ético e controle social. Cadernos de Saúde Pública, v. 17, n. 6, p. 1489-1496, 2001.
GOLDIM, J. R. Bioética complexa: uma abordagem abrangente para o processo de tomada de decisão. Revista da AMRIGS, v. 53, n. 1, p. 58-63, jan.-mar. 2009.
GOODMAN, N. Fact, Fiction, and Forecast. 4. ed. New York: Harvard University Press, 1983.
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
HAVE, H. T.; SASS, H. M. (org.). Consensus formation in Healthcare ethics. Dortrecht: Kluwer, 1998.
HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. 5. ed. São Paulo: Centauro Editora, 2003.
JANICAUD, D. La bombe Sartre. In: JANICAUD, D. Heidegger en France. Tome 1. Paris: Hachette, 2005.
KERSTING, W. Em defesa de um universalismo sóbrio. Veritas, v. 46, n. 4, p. 621-638, 2001.
KURTZ, P. A Secular Humanist Declaration, Free inquiry, 1980.
LEUBA, J. H. A psychological study of religion. Its origin, function, and future. New York: Macmillan, 1912.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO). 1946. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-da-organizacao-mundial-da-saude-omswho.html. Acesso em: 4 maio 2019.
PETRÀ, B., L’etica ortodossa. Storia, fonti e identità, Cittadella Editrice, Assisi 2010.
RAWLS, J. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, 1996.
SINGER, P. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
SOUZA, R. T.; OLIVEIRA, N. F. Fenomenologia hoje III: bioética, biotecnologia, biopolítica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
SPICKER, S. F.; ENGELHARDT, H. T. (eds.). Philosophical medical ethics: its nature and significance. Boston-Dordrecht: Reidel Publishing Company, 1977.
VEATCH, R. M. Medical ethics. Boston: Jones and Barlett Publishers, 1989.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

This obra is licensed under a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional