Metanormatividade: resolvendo questões sobre incerteza moral e empírica
DOI:
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2020v19n3p790Resumo
Como que alguém pode conciliar o desejo de comer carne, e uma tendência para com ideais vegetarianos? Como devemos reconciliar valores morais contraditórios? Como podemos agregar diferentes teorias morais? Como é que preferências individuais podem ser agregadas de forma justa para representar uma vontade, norma, ou decisão social? A resolução de conflitos e a agregação de preferências são tarefas que intrigam filósofos, economistas, sociólogos, teóricos da decisão, e muitos outros estudiosos, sendo uma área interdisciplinar rica para a investigação. Ao tentar resolver questões sobre incerteza moral, uma meta compreensão do conceito de normatividade pode ajudar-nos a desenvolver estratégias para lidar com as próprias normas. A normatividade de segunda ordem, ou normas sobre normas, é uma forma hierárquica de pensar sobre como combinar muitas estruturas normativas e preferências diferentes em uma única decisão coerente. É disso que se trata a metanormatividade, uma forma de responder: o que devemos fazer quando não sabemos o que fazer? Neste estudo, iremos rever uma estratégia de tomada de decisão que trata da incerteza moral, Maximização da Escolha Valiosa-Esperada. Uma estratégia proposta por William MacAskill que permite a agregação e comparação interteórica de diferentes estruturas normativas, teorias cardeais e teorias ordinais. Neste estudo, vamos exemplificar os métodos metanormativos propostos por MacAskill, usando como exemplo uma série de dilemas vegetarianos. Dada a semelhança desta estratégia metanormativa com a teoria da utilidade esperada, mostraremos também que é possível integrar ambos os modelos para abordar problemas de tomada de decisão em situações de incerteza empírica e moral. Acreditamos que este tipo de formalismo ético-matemático pode ser útil para ajudar a desenvolver estratégias para melhor agregar preferências morais e resolver conflitos.
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