Espinosa e Hobbes: considerações sobre a democracia e a monarquia
DOI:
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2021.e84301Resumo
Este estudo pretende abordar o tratamento acerca dos regimes políticos em Espinosa e Hobbes, especialmente sobre a democracia e a monarquia. Em geral, o filósofo de Westport é tratado como oposto ao holandês quando o assunto é democracia, pelo qual o primeiro defenderia a monarquia absoluta e o outro, a democracia absoluta. Com o intuito de demonstrar este debate de ideias, além da argumentação dos próprios filósofos, faremos uma análise dos principais comentadores sobre as referidas temáticas, bem como dos contextos das principais fontes intelectuais. A reconstrução da recepção dos textos de Hobbes na Holanda do século XVII é tão sui generis que deve ser objeto de estudo tanto quanto os textos dos filósofos. Além do contexto holandês, resgataremos o contexto inglês buscando suas similitudes. A recepção dos textos hobbesianos na Inglaterra do século XVII, comparado à recepção contemporânea, configura uma contradição na questão das formas de governo, na qual o primeiro seria um Hobbes democrata e na segunda, um Hobbes monarquista absolutista. A partir do resgate das fontes antigas de Hobbes, em especial de Antifonte, é possível encaminhar a questão dos regimes políticos em Hobbes de um modo alternativo. A democracia e a monarquia em Hobbes, a partir desta ótica, não se excluem. São regimes possíveis e admitidos na constituição do poder soberano hobbesiano. Por fim, apresentaremos uma abordagem que lança novas luzes sobre estes estudos, demonstrando que Espinosa não antagoniza com Hobbes sobre a democracia.
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