Os limites do conceito de direito: reflexões sobre o positivismo jurídico de Kant em relação às teorias positivistas de Kelsen e Hart

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2022e91877

Palavras-chave:

Direito, Positivismo jurídico, Kant, Kelsen, Hart

Resumo

Neste artigo argumento que o modelo de positivismo jurídico sustentado pela filosofia do direito de Kant é capaz de justificar o estabelecimento de limites ao conceito de validade do direito de uma forma que os positivismos de Kelsen e de Hart não conseguem. Essa limitação permite distinguir entre estados bárbaros, nos quais não há direito, e estados despóticos, nos quais apesar de não serem estados justos, ainda possuem direito. Com base nessa distinção, pode-se defender uma teoria positivista do direito que estabeleça critérios normativos não morais para a validade de um sistema jurídico. Nesse sentido, argumenta-se que os modelos positivistas de Kelsen e de Hart são inferiores do ponto de vista da sua capacidade de captar a normatividade jurídica.

Biografia do Autor

Joel Thiago Klein, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR

Professor de Filosofia Moderna, Ética e Filosofia Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR), atuando na graduação e pós-graduação. Também atua como membro permanente na pós-graduação do Curso de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Fez pós-doutorado na Ludwig-Maximilians-Universität München com bolsa da Alexander von Humboldt Foundation para pesquisador experiente. Editor da Studia Kantiana (revista da Sociedade Kant Brasileira desde 08/2015, qualis A2) e da revista Dois Pontos (desde 08/2020, qualis A2). Membro da Diretoria da Sociedade Kant Brasileira (Gestão 2014-2018; 2018-2022; 2023-2026). Membro de sustentação do GT Kant da ANPOF. Membro associado do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Bolsista produtividade CNPq desde 2016. Ex-bolsista CAPES e DAAD

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Publicado

2023-03-16

Edição

Seção

Dossiê Positivismo Jurídico / Legal Positivism