Concepções de Liberdade em Hegel, Honneth e Marx

Autores

  • Polyana Tidre UFPR

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2023.e95125

Palavras-chave:

Liberdade, Hegel, Honneth, Marx

Resumo

O presente artigo tem por objetivo a abordagem de alguns aspectos das concepções de liberdade em Hegel, Honneth e Marx, buscando defender a tese de uma contraposição fundamental entre os dos primeiros e o último. Argumentarei que, enquanto Hegel e Honneth vinculam os problemas ligados à economia de mercado capitalista ao fracasso da mesma em realizar suas próprias promessas normativas – dentre as quais, e como principal, a realização da liberdade –, Marx, ao contrário, entende ser justamente o bom cumprimento dessas promessas o que garante a produção e reprodução das relações de exploração – por conseguinte, de não-liberdade, de desigualdade e de expropriação – que caracterizam a economia de mercado capitalista. A fim de fundamentar a contraposição dessas duas concepções, estruturo o texto da seguinte maneira: primeiro, empreendo uma abordagem do conceito de liberdade em Hegel, sobretudo a partir da Filosofia do Direito, mostrando como ele é forjado a partir de sua crítica a outras concepções de liberdade. Em seguida, abordo a análise feita por Honneth em O direito da liberdade da relação existente entre liberdade e mercado, mostrando o que ele entende por “liberdade social”. Por fim, exploro alguns pontos da crítica feita por Marx em O capital a uma certa abordagem da liberdade que, tratada unicamente no âmbito do “mercado” ou da “esfera da circulação”, impediria ver como a realização da liberdade seria, de maneira aparentemente contraditória, condição da produção das relações de exploração e da contradição capital-trabaho necessariamente ligadas à dinâmica característica dessa economia de mercado. 

Referências

ARNDT, A. Geschichte und Freiheitsbewusstsein. Berlin: Eule der Minerva, 2015.

ELLMERS, S. Freiheit und Wirtschaft. Theorie der bürgerlichen Gesellschaft nach Hegel. Bielefeld: transcript, 2015.

FEDERICI, S. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

HEGEL, G. W. F. Die Vernunft in der Geschichte. Hg. v. Johannes Hoffmeister. 6. Aufl. Hamburg: Meiner, 1994. (VG)

HEGEL, G. W. F. A razão na história. Introdução à Filosofia da História Universal. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1995.

HEGEL, G. W. F. Filosofia da história. Trad. Maria Rodrigues e Hans Harden. 2. ed. Brasília: UnB, 1999.

HEGEL, G. W. F. Naturrecht und Staatswissenschaft im Grundrisse. Grundlinien der Philosophie des Rechts. In: Ders.: Gesammelte Werke, Bd. 14,1, hg. v. Klaus Grotsch u. Elisabeth Weisser-Lohmann. Hamburg: Meiner, 2009. (GW 14,1)

HEGEL, G. W. F. Linhas fundamentais da filosofia do direito ou direito natural e ciência do Estado em compêndio. Trad. de Paulo Meneses, Agemir Bavaresco, Alfredo Morais, Danilo Vaz-Curado R.M. Costa, Greice Ane Barbieri e Paulo Roberto Konzen. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2010. (FD)

HEGEL, G. W. F. Linhas fundamentais da filosofia do direito. Direito natural e ciência do Estado no seu traçado fundamental. Trad. de Marcos Lutz Müller. São Paulo: Editora 34, 2022.

HELFER, I.; TIDRE, P. A concepção filosófica da história em ato e suas categorias fundamentais. Veritas. Porto Alegre, v. 65, n. 1, p. 1-9, jan./mar. 2020.

HERZOG, L. Two Ways of Taming the Market. Why Hegel Needs the Police and the Corporations”. In: BUCHWALTER, Andrew (Hg.), Hegel and Capitalism. Albany: State University of New York Press, p. 147-162, 2015.

HONNETH, A. Reificação. Um estudo de teoria do reconhecimento. São Paulo: UNESP, 2018.

HONNETH, A. Das Recht der Freiheit. Grundriß einer demokratischen Sittlichkeit. Berlin: Suhrkamp, 2011.

HONNETH, A. O direito da liberdade. Trad. Saulo Krieger. São Paulo: Martins Fontes, 2015. (DL)

HONNETH, A. Luta por reconhecimento. A gramática moral dos conflitos sociais. Trad. Luiz Repa. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 2009.

MARX, Karl. Das Kapital. Band I. Berlin: Dietz, 1962. (MEW 23)

MARX, Karl. O Capital. Livro I. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

PÖGGELER, O. Hegels Kritik der Romantik. München: Fink, 1998.

ROSENFIELD, D. Política e liberdade em Hegel. São Paulo: Brasiliense, 1983.

SAFATLE, V. A forma institucional da negação: Hegel, liberdade e os fundamentos do Estado moderno. Kriterion, n. 125, Jun, p. 149-178, 2012.

SCHNÄDELBACH, H. „Die Verfassung der Freiheit (§§272-340)“, in: Siep, Ludwig (Hg.), G. W. F. Hegel: Grundlinien der Philosophie des Rechtes, 3. Auflage. Berlin: Akademie Verlag, 2014.

SIEP, L. „Vernunftrecht und Rechtsgeschichte. Kontext und Konzept der Grundlinien im Blick auf die Vorrede“, in: Siep, Ludwig (Hg.), G. W. F. Hegel: Grundlinien der Philosophie des Rechtes, 3. Auflage. Berlin: Akademie Verlag, 2014.

STREECK, W. Die Wiederkehr der Verdrängten als Anfang vom Ende des neoliberalen Kapitalismus, in: Geiselberger, H. (Hg.), Die große Regression. Berlin: Suhrkamp, 2017.

TIDRE, P. Hegel e a populaça (Pöbel). Revista Eletrônica Estudos Hegelianos, v. 16, n. 27, p.119-148, 2019.

TIDRE, P. A proposta hegeliana de organização política a partir da crítica ao Estado como “propriedade privada”. Revista Eletrônica Estudos Hegelianos, v. 15, n. 26, p.102-128, 2018b.

TIDRE, P. Individuum und Sittlichkeit. Die Beziehung zwischen Allgemeinheit und Besonderheit in Hegels Grundlinien der Philosophie des Rechts. Berlin: WVB, 2018a.

TIDRE, P.; SCHÄFER, M. Reforma social ou revolução? Marx, Honneth e a economia de mercado capitalista. Eleuthería. Campo Grande, v. 5, p. 155-192, jul. 2020.

TIDRE, P.; HELFER, I. Entre Honneth e Hegel: da liberdade à eticidade em O direito da liberdade. TRANS/FORM/AÇÃO. Marília, v. 43, n. 2, p. 215-246, abr./jun. 2020.

Downloads

Publicado

2023-12-13

Edição

Seção

Dossiê: Conceitos e concepções de liberdade / Concepts and conceptions of