Liberdade, reconhecimento e crítica: reflexões sobre a ‘eticidade perdida’ em Hegel

Autores

  • Erick Lima Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2023.e95623

Palavras-chave:

G.W.F Hegel, Reconhecimento, Liberdade, Eticidade, Crítica Social

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo mais amplo sustentar a ideia de que a noção hegeliana de reconhecimento recíproco constitui a mediação entre sua teoria da liberdade e os potenciais críticos de sua filosofia social. Na parte introdutória, gostaria de reconstruir dimensões do debate recente que procura recuperar a noção de reconhecimento no contexto da Filosofia do Direito. A principal intenção aqui é desenvolver a ideia de que há em Hegel uma transformação da noção de autonomia no modelo do reconhecimento recíproco, bem como destacar algumas das mais fecundas consequências dessa inflexão (1). Em seguida, retomando os principais estágios do percurso teórico de Honneth, procuro enfatizar, apoiando-me em Die Armut unserer Freiheit (2020), as vantagens hermenêuticas de uma concentração sobre a noção de ‘liberdade objetiva’ em Hegel, explorando também as diferenças entre Honneth e o ‘expressivismo’ de Brandom (2). Com base nas considerações sobre a dimensão ‘objetiva’ da liberdade, proponho então reflexões que procuram esclarecer os §§ 21-24 da Filosofia do Direito a partir de uma explicitação das decorrências normativas do modelo do reconhecimento, empreendida por Hegel na Fenomenologia (3). Finalmente, depois de conectar as implicações normativas do reconhecimento à ‘perda da eticidade’, concluo com uma reflexão sobre o diagnóstico de Hegel sobre a sociedade moderna (4).      

Biografia do Autor

Erick Lima, Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília

Professor Adjunto em História da Filosofia na Universidade de Brasília. Programa de Mestrado em Filosofia do PPG-FIL-UnB

Referências

ADORNO, T. 2007. Três Estudos sobre Hegel. Tradução: Ulisses Vaccari. Editora da Unesp: São Paulo.

ADORNO, T. 2022. Introdução à Dialética. Tradução: Erick Lima. São Paulo: Editora da Unesp.

BRANDOM, R. 2002. Tales of the Mighty Dead: Historical Essays in the Metaphysics of Intentionality. Cambridge: Harvard University Press.

BRANDOM, R. 2009. Reason in Philosophy: Animating Ideas. The Belknap Press of Harvard University Press.

BRANDOM, R. 2019. A Spirit of Trust: a Reading of Hegel’s Phenomenology. The Belknap Press of Harvard University Press.

BUCHWALTER, A. 2015. Hegel and Capitalism. SUNY Press.

ESPINOSA, B. 1973. Correspondência. In : Coleção ‘Os Pensadores’. Tradução : Marilena Chauí. São Paulo : Abril Cultural.

FICHTE, J. 1962-2011 Gesamtausgabe der Bayerischen Akademie der Wissenschaften, 42 Bände, hrsg. von Reinhard Lauth, Erich Fuchs und Hans Gliwitzky. Frommann-Holzboog, Stuttgart-Bad Cannstatt (AA).

FICHTE, J. 1971. Werke. Walter De Gruyter: Berlin.

FINK-EITEL, H. 1978. Dialektik und Sozialehtik. Kommentierende Untersuchungen zu Hegels „Logik“. Verlag Anton Hain.

FISCHBACH, F.1999. Fichte et Hegel: la reconnaissance. Paris: Presses Universitaires de France.

HABERMAS, J. 2001. Discurso Filosófico da Modernidade. São Paulo: Martins Fontes.

HABERMAS, J. 2004. Verdade e Justificação: ensaios filosóficos. São Paulo: Loyola.

HABERMAS, J. 2012. Teoria do Agir Comunicativo. Volume 1 (Racionalidade da Ação e Racionalização Social). WMF – Martins Fontes: São Paulo.

HABERMAS, J. 2022. Facticidade e validade. Contribuições para uma teoria discursiva do direito e da democracia. Editora da Unesp: São Paulo.

HEGEL, G.W.F. 1970. Werke in 20 Bände. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HEGEL, G.W.F.. 1980-2023. Gesammelte Werke. Felix Meiner.

HEGEL, G.W.F. 2003. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes.

HEGEL, G.W.F. 2022. Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito. Tradução de Marcos Lutz Müller. São Paulo: Editora 34.

HONNETH, A. 1992. Kampf um Anerkennung. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HONNETH, A. 2007. Sofrimento de Indeterminação. São Paulo: Esfera pública.

HONNETH, A. 2010. Das Ich im Wir: Studien zur Anerkennungstheorie. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HONNETH, A. 2013. Das Recht der Freiheit. Grundriß einer demokratischen Sittlichkeit. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HONNETH, A.2015. Die Idee des Sozialismus. Versuch einer Aktualisierung. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HONNETH, A.2018. Anerkennung: Eine europäische Ideengeschichte. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

HONNETH, A.2020. Die Armut unserer Freiheit. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

KANT, I. 1968. Kants Werke – Akademie Textausgabe. Berlin: Walter de Gruyter.

KHURANA, T./MENKE, C. 2019. Paradoxien der Autonomie. Freiheit und Gesetz I. August.

LIMA, E. 2014. Direito e Intersubjetividade em Fichte e Hegel. Campinas: PHI.

LIMA, E. 2020. The Normative Authority of Social Practices: A Critical Theoretical Reading of Hegel’s Introduction to the Philosophy of Right. Hegel Bulletin, 41(2), 271-293. doi:10.1017/hgl.2017.16

LUKÀCS, G. 2018. O Jovem Hegel: e os Problemas da Sociedade Capitalista. São Paulo: Boitempo Editorial.

MARX, K. 2008. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo: Expressão Popular.

MARX, K. 2011. Capital. Crítica da Economia Política. Livro 1. o Processo de Produção do Capital. São Paulo: Boitempo Editorial.

MÜLLER, M. 1993. A gênese lógica do conceito especulativo de Liberdade. In: In: Analytica, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 77-41.

NEUHOUSER, F. 2000. Foundations of Hegel´s Social Theory: actualizing freedom. Cambridge: Cambridge Univ. Press.

PADRELLA, L. 2014. Hegel, Imperialism, and Universal History. In: Science & Society, Vol. 78, No. 4, October 2014, 426–453.

PINKARD, T. 2002. German Philosophy 1760-1860: The Legacy of Idealism. Cambridge: Cambridge University Press.

PIPPIN, R. 2008. Hegel´s Practical Philosophy: Rational Agency as Ethical Life. Cambridge: Cambridge University Press.

PIPPIN, R. 2014. Hegel on Self-Consciousness: Desire and Death in the Phenomenology of Spirit. Princeton University Press.

QUANTE, M. 2009. Ökonomisch-philosophische Manuskripte: Kommentar. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

RUDA, F. 2011. Hegel’s Rabble: An Investigation into Hegel’s Philosophy of Right. Continuum Studies in Philosophy.

SIEP, L. 1976. Anerkennung als Prinzip der praktischen Philosophie. Freiburg/München: Alber.

SIEP, L. 2000. Der Weg der Phänomenologie des Geistes. Ein einführender Kommentar zu Hegels „Differenzschrift“ und „Phänomenologie des Geistes“. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

STEKELER, P. 2014. Hegels Phänomenologie des Geistes. Ein dialogischer Kommentar. Felix Meiner.

THEUNISSEN, M. 2016. Sein und Schein: Die kritische Funktion der Hegelschen Logik. Frankfurt: Suhrkamp.

WILDT, A. 1983. Autonomie und Anerkennung: Hegels Moralitatskritik in Lichte seiner Fichte-Rezeption. Klett-Cotta.

WILLIAM, R. 1992. Recognition: Fichte and Hegel on the Other. State University of New York Press.

WILLIAM, R. 1997. Hegel's Ethics of Recognition. University of California Press.

Downloads

Publicado

2023-12-13

Edição

Seção

Dossiê: Conceitos e concepções de liberdade / Concepts and conceptions of