Avaliação da exposição a agrotóxicos: cinco anos de análises toxicológicas

Autores

  • Claudia Regina dos Santos Universidade Federal de Santa Catarina
  • Angela Somavilla Higioka Universidade Federal de Santa Catarina
  • Raquel Cardoso de Souza Universidade Federal de Santa Catarina
  • Eliza Bianchini de Paula Universidade Federal de Santa Catarina
  • Virginia Coldebella Universidade Federal de Santa Catarina
  • Synthia Campos Universidade Federal de Santa Catarina
  • Mariah Bonelli Rossenq Neves Universidade Federal de Santa Catarina
  • Maryá Nunes Fusinato Universidade Federal de Santa Catarina
  • Lauren Bauermann Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-0221.2020v17n35p162

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo apresentar os resultados de 5 anos de análises toxicológicas para as suspeitas de intoxicação aguda por agrotóxicos, e na avaliação da exposição ocupacional dos Agentes de Endemias do estado de SC. Foram realizadas análises para identificação de paraquat em urina e a determinação da atividade das colinesterases, relacionadas à exposição a inibidores da colinesterase. Foram analisados 82,9% dos casos de intoxicação relacionados ao paraquat. Com relação às intoxicações por inibidores da colinesterase, a atividade da butirilcolinesterase foi a mais solicitada para as suspeitas de intoxicações agudas. Para os Agentes de Endemias foram realizadas 2.120 análises para ambas as enzimas. Ainda que o monitoramento tenha tido grande alcance, uma vez as amostras foram provenientes de todo o estado para ambas situações. Ainda a inserção de alunos na atividade reforça a importância na disponibilização da análise à comunidade e na formação de recursos humanos.

Biografia do Autor

Claudia Regina dos Santos, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutorado em Toxicologia e Análises Toxicológicas pela Universidade de São Paulo. Professor Associado II da Universidade Federal de Santa Catarina.

Angela Somavilla Higioka, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestrado Profissional em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Farmacêutica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina.

Raquel Cardoso de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutorado em Toxicologia e Análises Toxicológicas pela Universidade de São Paulo. Farmacêutica Bioquímica da Universidade Federal de Santa Catarina.

Eliza Bianchini de Paula, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Virginia Coldebella, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Synthia Campos, Universidade Federal de Santa Catarina

Possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Especialização em Análises Clinicas pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Mariah Bonelli Rossenq Neves, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Maryá Nunes Fusinato, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Lauren Bauermann, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduação em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Parecer Técnico de Reavaliação nº 12/GGTOX/Anvisa, de 05 de outubro de 2016. Propõe medidas transitórias de descontinuação do uso do Paraquate no país até sua proibição total. Brasília, DF, 05 de outubro de 2016. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2871639/08.+Parecer+12-2016+-+complementar+-+Paraquate.pdf/7a2f4f5c-90c1-4a7c-817a-83e1861ec16b. Acesso em: 10 fev. 2020.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº177, de 21 de Setembro de 2017. Dispõe sobre a proibição do ingrediente ativo Paraquate em produtos agrotóxicos no país e sobre as medidas transitórias de mitigação de riscos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, nº 183, de 22 de setembro de 2017a. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2871639/RDC_177_2017_COMP.pdf/d182599c-e61a-4edf-9044-1fb0a72b2fe7. Acesso em: 10 fev. 2020.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº190, de 30 de Novembro de 2017. Altera a Resolução da Diretoria Colegiada nº 177, de 21 de setembro de 2017, que dispõe sobre a proibição do ingrediente ativo Paraquate em produtos agrotóxicos no país e sobre as medidas transitórias de mitigação de riscos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, nº 230, de 1º de dezembro de 2017b. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2871639/RDC_190_2017_.pdf/eb2f6c7f-c965-4e76-bed9-ea9842e48b5c. Acesso em: 16 maio 2017.

BIGOLIN, R. C. Intoxicações provocadas pelo herbicida Paraquat: estudo de 219 casos. 2004. 53f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Graduação em Medicina, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2004.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portal de Notícias. Mesmo com aumento do registro de defensivos agrícolas, venda caiu nos últimos anos. Brasília, 04 de julho de 2019a. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/noticias/mesmo-com-aumento-do-registro-de-defensivos-agricolas-venda-do-produto-caiu-nos-ultimos-anos. Acesso em: 16 fev. 2020.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portal de Notícias. Ranking da FAO mostra que uso de defensivos no Brasil é menor que em diversos países da Europa. Brasília, 26 de junho de 2019b. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/noticias/ranking-da-fao-mostra-que-uso-de-defensivos-no-brasil-e-menor-que-em-diversos-paises-da-europa. Acesso em: 16 fev. 2020.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portal de Notícias. Em 2019, 94,5% dos defensivos agrícolas registrados foram produtos genéricos. Brasília, 27 de dezembro de 2019. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/noticias/em-2019-94-5-dos-defensivos-agricolas-registrados-foram-produtos-genericos. Acesso em: 16 fev. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC. Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento de Intoxicações por Agrotóxicos: Capítulo 2. Relatório de Recomendações, n. 407. Brasília, dez. 2018. 206p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Recomendacao/Relatorio_DiretrizAgrotoxico.pdf. Acesso em: 16 fev. 2020.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Portaria nº 3.214, de 06 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 5.203, 06 de julho de 1978. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-07.pdf. Acesso em: 16 maio 2017.

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 11.459, 12 de julho de 1989. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7802.htm. Acesso: 16 de maio de 2018.

CENTRO DE CONTROLE DE INTOXICAÇÕES DE NITERÓI - CCIn. Intoxicações exógenas agudas por carbamatos, organofosforados, compostos bipiridílicos e piretróides. Niterói: CCIn, 2000. 43 p. Disponível em: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/intoxicacoes%20agudas%20-%20carbamatos%20e%20organoclorados.pdf. Acesso em: 07 fev. 2020.

CARVALHO, L. V. B. et al. Exposição ocupacional a substâncias químicas, fatores socioeconômicos e Saúde do Trabalhador: uma visão integrada. Saúde Debate. Rio de Janeiro, v. 41, n. Especial, p. 313-326, jun. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v41nspe2/0103-1104-sdeb-41-spe2-0313.pdf. Acesso em: 01 mar. 2020.

CARVALHO, M. M. X.; NODARI, E. S.; NODARI, R. O. “Defensivos” ou “agrotóxicos”? História do uso e da percepção dos agrotóxicos no estado de Santa Catarina, Brasil, 1950-2002. Hist. Ciênc. Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p.75-91, jan./mar. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-59702017000100002.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION - CDC. Emergency Preparedness and Response. Facts About Paraquat. Atlanta, Abr. 2018. Disponível em: https://emergency.cdc.gov/agent/paraquat/basics/facts.asp. Acesso em: 10 fev. 2020.

CENTRO DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA DE SANTA CATARINA - CIATox/SC. Estatísticas: 2015 a 2019. Florianópolis, 2020. [Acesso restrito].

DINIS-OLIVEIRA, R. J. et al. Paraquat poisonings: mechanisms of lung toxicity, clinical features, and treatment. Crit. Rev. Toxicol., London, v. 38, n. 1, p. 13-71, jan. 2008. DOI: http://dx.doi.org/10.1080/10408440701669959

GAZZIERO, D. L. P. Misturas de agrotóxicos no tanque nas propriedades agrícolas do Brasil. Planta Daninha, Viçosa, v. 33, n. 1, p. 83-92, mar. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-83582015000100083&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 16 fev. 2020.

LIMA, E. P. et al. Níveis de colinesterase como marcador de risco de distúrbios neurológicos em agentes de endemias. J. Health Biol. Sci. Fortaleza, v. 3, n. 2, p. 73-76, 2015. DOI: 10.12662/2317-3076jhbs.v3i2.187.p73-76.2015.

LIONETTO, M. G. et al. Acetylcholinesterase as a biomarker in environmental and occupational medicine: new insights and future perspectives. BioMed Res. Int., New York, v. 2013, Art. ID n. 321213, 8p, 2013. DOI: 10.1155/2013/321213.

MOFFAT, A. C. et al. Clarke’s analysis of drugs and poisons: in pharmaceuticals, body fluids and postmortem material. 4. ed. Chicago: Pharmaceutical Press, 2011. 2v.

NEVES, M. B. R. et al. Evaluation of the adherence to biological monitoring in endemic agents of the State of Santa Catarina (2016 to 2019). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TOXICOLOGIA (CBTOX), XXI; ENCONTRO REGIONAL LATINO-AMERICANO DE TOXICOLOGIA FORENSE (TIAFT), XV, de 28 a 31 de outubro de 2019, Águas de Lindoia/SP. Abstract book, p. 256. Disponível em: http://www.cbtox-tiaft.org/book/file/AbstractBook_CBTOX.pdf. Acesso em: 01 mar. 2020.

OGA, S.; CARVALHO, M. M. A.; BATISTUZZO, J. A. O. Fundamentos de Toxicologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2014.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Centros de Controle de Envenenamento (CCE). Intoxicações agudas por agrotóxicos: atendimento inicial do paciente intoxicado. Curitiba: SES/PR, 2018. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/IntoxicacoesAgudasAgrotoxicos2018.pdf. Acesso em: 01 mar. 2020.

POPE, C.; KARANTH, S.; LIU, J. Pharmacology and toxicology of cholinesterase inhibitors: uses and misuses of a common mechanism of action. Environ. Toxicol. Pharmacol. [online], Amsterdam, v. 19, n. 3, p.433-446, may 2005. DOI: 10.1016/j.etap.2004.12.048.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência de Vigilância em Saúde. Diretoria de Vigilância Epidemiológica – DIVE. Programa de Controle de Dengue, 2020. Relatório. Disponível em: http://vigilantos3.dive.sc.gov.br/vigilantos3/dengue_relatorio_programa/dengue_relatorio.pdf?ano=2020&type=pdf. Acesso em: 16 fev. 2020.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência de Vigilância em Saúde – SVS. Nota Técnica Conjunta DIVS, DIVE e LACEN, de 30 de agosto de 2016. Orienta sobre o fluxo de coleta, acondicionamento e transporte das amostras biológicas para monitoramento da colinesterase nos agentes de saúde que utilizam inseticidas organofosforados e carbamatos nas atividades de controle vetorial. Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/agravos/notas_tecnicas/NotaTecnicaConjuntaSUV_exames%20colinesterase.pdf. Acesso em: 01 mar. 2020.

SCHMITT, G. C. et al. Aspectos gerais e diagnóstico clínico laboratorial da intoxicação por paraquat. J. Bras. Patol. Med. Lab., Rio de Janeiro, v. 42, n. 4, p. 235-243, ago. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v42n4/a03v42n4.pdf Acesso em: 01 mar. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1676-24442006000400003.

Publicado

2020-04-22