A Gruta: narrativas, ressignificação e materialidades sobre a escravidão em Pelotas (Brasil)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2020v22n1p107

Resumo

O passado permanece, tanto nas narrativas quanto nas materialidades ressignificadas, atravessando várias memórias. Nas cidades com herança escrava, o passado que persiste nos convida a refletir sobre suas consequências no mundo contemporâneo. No Sul do Brasil, na cidade de Pelotas, um dos enclaves dos quais podemos discutir essas interações multitemporais é “La Gruta”, ruínas de uma caverna artificial localizada no jardim do Museu da Baronesa. Esse espaço provoca uma discussão pública sobre as dimensões das consequências coloniais no campo patrimonial local, principalmente nas representações das memórias da escravidão.

Biografia do Autor

Elis Meza, Universidade Federal de Pelotas

Antropóloga (Universidad Central de Venezuela), Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPeL), Doutoranda em Antropologia (UFPeL).

Lino José Zabala, Universidade Federal de Pelotas

Bacharel em  Antropologia e Arqueologia pela Universidade Federal de Pelotas, UFPEL. Pesquisa arqueologia em contextos de diáspora africana.

Referências

Agostini, C. Temporalidades e Saberes Inscritos em Ruínas e Memórias. V Edição do Prêmio Luiz de Castro Faria / IPHAN – 2017. Manuscrito inédito.

Al-Alam, C., N. Pinto y P. Moreira. 2014. Duzentos mil reis pela cabeça do chefe preto Padeiro e cem mil réis pelas dos demais malfeitores: notas de pesquisa sobre o Quilombo do Padeiro (Pelotas, 1835). Cadernos do LEEPARQ 9 (22): 461-471. URL: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/lepaarq/article/view/3775

Alderman, D. H; Campbell, R. M. 2008. Symbolic Excavation and the Artifact Politics of Remembering Slavery in the American South: observations from Waterloo, South Carolina. Southeastern Geographer 48 (3): 338-355. URL: https://www.jstor.org/stable/26225537

Bezerra, M. 2011. “As moedas dos índios”: um estudo de caso sobre os significados do patrimônio arqueológico para os moradores da Vila de Joanes, ilha de Marajó, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum. 6 (1): 57-70. URL: http://www.redalyc.org/pdf/3940/394034992005.pdf

Bhabha, H. 1998. O pós-colonial. In: O local da cultura. Editora UFMG. Belo Horizonte.

Benjamin, W. 2008. Tesis sobre filosofía de la historia. Archivo Chile. Santiago.

Castañeda, Q. 2009.The “Past” as Transcultural Space: Using ethnographic installation in the study of archaeology. Public Archaeology 8 (2-3): 262-282. URL: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1179/175355309X457277

Cicalo, A. ‘Those Stones Speak:’ Black-Activist Engagement with Slavery Archaeology in Rio de Janeiro, 2015. Latin American and Caribbean Ethnic Studies, 10(3): 251-270. URL: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/17442222.2015.1087833

Dalla Vechia, A. 1994.Os filhos da escravidão. Editora da UFPEL, Pelotas.

Da Rosa, E. 2012. Paisagens negras: arqueologia da escravidão nas Charqueadas de Pelotas (RS, Brasil). Dissertação apresentada ao Programa de Posgraduação em Memória Social e Patrimônio Cultural. UFPEL, Pelotas.

Fernandes, F. 1965O Mito da democracia racial”, in: Integração do Negro na sociedadede classes, pp. 299 -327. Cia editora Nacional. São Paulo.

Gilroy, P. 2001.O Atlántico Negro: Modernidade e Dupla Consciência. São Paulo: Ed. 34, Rio de Janeiro: UCM-Centro de Estudos Afroasiáticos.

Giovanetti, J. 2009. Subverting the Master’s Narratives: Public Histories of Slavery in Plantation America. International Labor and Working-Class History, (76): 105-126. URL: https://www.cambridge.org/core/journals/international-labor-and-working-class-history/article/subverting-the-masters-narrative-public-histories-of-slavery-in-plantation-america/04EEA108A960D19EC3B950E927E90F0B

Gonzalez-Ruibal, A. 2006. The Past is Tomorrow. Towards an Archaeology of the Vanishing Present. Norwegian Archaeological Review, Vol. 39, No. 2,:110-125. URL: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00293650601030073

González-Ruibal, A. 2012. Hacia otra arqueología. Diez propuestas. Complutum Vol.23(2) 103-116. URL: http://digital.csic.es/handle/10261/137312

Gutierrez, E. 2001. Negros, Charqueadas e Olarias. Um estudo sobre o espaço pelotense.Ed. Universitária UFPeL. Pelotas.

Gutierrez, E. J. B. 2004. Barro e sangue: mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas (1777-1888). Ed. UFPel. Pelotas.

Hallal, D; D, Muller. 2016. Educação Patrimonial no Museu Municipal Parque da Baronesa como possibilidade de Turismo Cidadão. Pelotas/RS. Revista Latinoamericana de Estudios en Cultura y Sociedad 2: 208-224. URL: http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/305

Hamilakis, Y. 2015. Arqueología y sensorialidad. Hacia una ontología de los afectos y los flujos. Revista Latino-Americana de Arqueología Histórica 9 (1): 29-53. URL: https://seer.ufmg.br/index.php/vestigios/article/view/10579

Hasenbalg, C. Discriminação e Desigualdade no Brasil. 2005. Editora UFMG. Belo Horizonte.

Kilomba, G. 2010. Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. UnrastVerlag Münster.

Kohls, J. 2011. A chácara da baronesa e o imaginário social pelotense Diálogos 15 (2): 489-493. URL: http://www.redalyc.org/html/3055/305526548013/

Latour. B. 1994. Revolução. In Latour, B. Jamais fomos modernos – ensaio de antropologia simétrica, pp: 53-89. Ed. 34. Rio de Janeiro.

Linenthal, E. 2006. Epilogue: Reflections. In Slavery and public history: The tough stuff of American memory, editado por J.O. Horton, L.E. Horton, pp: 213-224. The New Press. New York.

Loner, B; L, Gill; M, Scheer. 2012. Enfermidade e morte: os escravos na cidade de Pelotas 1870-1880. História, Ciências, Saúde 19: 133-152. URL: http://www.redalyc.org/html/3861/386138072008/

Maestri, M. 1984. O Escravo no Rio Grande do Sul. A charqueada e a gênese do Escravismo gaúcho. Editora da Universidade de Caxias do Sul. Caxias do Sul.

Magalhães, M. 2000. Pelotas, toda a prosa. Armazém Literário. Pelotas.

Meza, E. 2018. O sagrado e a performance na Diáspora africana: Arqueologia Colaborativa na Charqueada São João, Pelotas (RS). Dossiê de qualificação de Tese. Programa de Pósgraduação em Antropologia. Universidade Federal de Pelotas.

Morales, P. 2015. A representação do negro nos museus de Pelotas (RS): entre os integrantes do Clube Fica ai para ir dizendo. Trabalho de Conclusão de Curso. Museologia. UFPeL. Pelotas.

Leal, N. M. 2007. Museu da Baronesa: acordos e conflitos na construção de narrativa de um museu municipal. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Filosofia e Ciências Humanas, UFRGS. Porto Alegre.

Olsen, B; M, Shanks; T, Webmoor; C, Witmore. 2008. Timely Things: from Argos to Mycenae and beyond. In Archaeology: the discipline of things, pp: 136-156. University of California Press. Berkeley.

Rediker, M. 2007. The slave ship: a human history. Viking Press New York.

Santos, M. 2005. Canibalismo da memória: o negro em museus brasileiros. Revista do Patrimônio 31.

Scott, D. 1991.That event, this memory: notes on the anthropology of African diasporas in the new world. Diaspora 1 (3): 261-284. URL: https://muse.jhu.edu/article/443746/summary

Shackel, P. 2001. Public Memory and the Search for Power in American Historical Archaeology. American Anthropologist 103 (3): 655-670. URL: https://anthrosource.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1525/aa.2001.103.3.655

Trouillot, M. 1995. Silencing the Past: Power and the Production of History. Beacon Press. Boston.

Vargas, J. Abastecendo plantations: a inserção do charque fabricado em Pelotas (RS) no comércio atlântico das carnes e a sua concorrência com os produtores platinos (século XIX). História v.33, n.2, p. 540-566, 2014.

Young, J. 1993. The Texture of Memory: Holocaust Memorials and Meaning. Yale University Press. New Haven.

Zabala, L; L, Ferreira. 2017. Criatividade e resistências quotidianas: os vidros reutilizados pelos escravos da Charqueada São João de Pelotas (RS). Congresso de Iniciação Científica. Universidade Federal de Pelotas.

Zarankin, A. 1999. Arqueología de la Arquitectura: another brick in the wall. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia 3: 119-128. URL: http://www.revistas.usp.br/revmaesupl/article/view/113463.

Publicado

2020-07-01

Como Citar

MEZA, Elis; ZABALA, Lino José. A Gruta: narrativas, ressignificação e materialidades sobre a escravidão em Pelotas (Brasil). Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 107–127, 2020. DOI: 10.5007/2175-8034.2020v22n1p107. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/2175-8034.2020v22n1p107. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos