Ensinar antropologia em tempos sombrios
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8034.2022.e80190Resumo
Professoras e pesquisadoras em Antropologia ainda estão buscando compreender os efeitos que as recentes e rápidas transformações no cenário político e social do país produziram sobre o campo da educação – básica, superior e de pós-graduação. O objetivo deste artigo é fazer uma reflexão sobre essas mudanças a partir da experiência concreta como docente de antropologia na graduação e na pós-graduação. Nas últimas décadas, viveu-se um processo de expansão da antropologia, com a criação de novos programas de pós-graduação, disseminação de disciplinas de antropologia em cursos de graduação, criação de graduações em antropologia. Ao mesmo tempo, as políticas de inclusão no ensino superior e na pós-graduação e a criação das licenciaturas interculturais indígenas, entre outras, produziram desafios metodológicos, pedagógicos, epistemológicos para o ensino de antropologia que vinham impulsionando a produção de novos paradigmas para o nosso campo. As mudanças radicais nas políticas educacionais para o ensino básico, superior e para a pós-graduação, desencadeadas a partir do processo que desembocou no golpe de 2016 e na instauração de um governo de extrema direita em janeiro de 2018, instauraram um novo e difícil cenário para a antropologia, para as ciências humanas e para o campo científico de modo geral. O ponto de partida para se pensar possíveis formas de resistência é conceber a sala de aula e o espaço educacional como lugares não apenas de transmissão do conhecimento, mas de reflexão crítica, dialógica e desenvolvimento de potências de transformação social.
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