A entrada do Pânico no DSM-III e sua performance a partir da Imipramina
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8034.2023.e85563Palavras-chave:
Transtorno de Pânico, Medicamentos, Psiquiatria Biológica, DSMResumo
Este artigo se debruc?a sobre a histo?ria, a partir da psiquiatria, do diagno?stico de transtorno de pa?nico e de sua consolidac?a?o nas de?cadas seguintes na literatura cienti?fica. Acompanhando um movimento histo?rico e cultural da psiquiatria dos anos de 1960 a 1980 de fortes cri?ticas a? psicoterapia psicodina?mica, o pa?nico emerge como um transtorno pela primeira vez a partir do teste cli?nico com um medicamento chamado Imipramina, no final da de?cada de 1950. Ao comparar os primeiros testes em que o psiquiatra Donald Klein realizava em pacientes institucionalizados aos experimentos posteriores usando placebo, demonstra-se como uma transformac?a?o no horizonte teo?rico da psiquiatria norte-americana (da psicana?lise para a psiquiatria biolo?gica) era inscrita nesses experimentos. Argumenta-se que, ale?m de uma rejeic?a?o teo?rica a? psicana?lise como fator explicativo, havia uma rejeic?a?o de formato, que acaba sendo institui?da, oficialmente, no terceiro Manual Diagno?stico e Estati?stico de Transtornos Mentais (DSM-III).
Referências
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM. 1. Washington D.C., 1952.
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical of Mental Disorders Third Edition. Washington D.C.: Library of Congress, 1980.
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BECH, P.; KASTRUP, M.; RAFAELSEN, O. J. Mini-compendium of rating scales for states of anxiety, depression, mania, schizophrenia with corresponding DSM III syndromes. Acta Psychiatr Scand, [s.l.], v. 73, n. 1, 1986.
BITTENCOURT, Silvia; CAPONI, Sandra.; MALUF, Sônia. Farmacologia no século XX: a ciência dos medicamentos a partir da análise do livro de Goodman e Gilman. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, [s.l.], v. 20, n. 2, 2013.
BROWN, P. Transfer of care: Psychiatric deinstitutionalization and its aftermath. London: Routledge & Kegan Paul, 1985.
CONRAD, P. The Shifting Engines of Medicalization. Journal of Health and Social Behaviour, [s.l.], v. 46, n. 1, 2005.
HACKETT, T. The psychiatrist: in the mainstream or on the banks of medicine? American Journal of Psychiatry, [s.l.], v. 134, p. 432-435, 1977.
HALE, N. The rise and crisis of psychoanalysis in the United States: Freud and the Americans, 1917-1985. New York: Oxford University Press, 1995.
HEALY, David. The anti-depressant era. Cambridge: Harvard University Press, 1997. FIRST, M. B. et al. Structured clinical interview for DSM-IV axis II personality disorders (SCID-II). Washington, DC: American Psychiatric Association, 1997.
HORWITZ, A. Creating mental illness. Chicago: University of Chicago Press, 2002.
KIRK, S.; KUTCHINS, S. The selling of DSM: The rhetoric of science in psychiatry. New York: Aldine de Gruyter, 1992.
KLEIN, Donald F. Delineation of two drug-responsive anxiety syndromes. Psychopharmacologia, [s.l.], v. 5, 1964.
KLEIN, Donald F.; FINK, Max. Psychiatric Reaction Patterns to Imipramine. Focus, [s.l.], v. VI, n. 4, 2008.
KLEIN, Donald; OAKS, Glen. Importance of Psychiatric Diagnosis in Prediction of Clinical Drug Effects. Arch Gen Psychiatry, [s.l.], v. 16, n. 1, 1967.
KLEIN, Donald. Diagnosis and Drug Treatment of Psychiatric Disorders. The British Journal of Psychiatry, [s.l.], v. 117, n. 538, 1970.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: Editora 34, 2019.
LOPES, M. S. Classificação dos estados de ansiedade. In: HETEM, L. A. B.; GRAEFF, F. G. (ed.). Ansiedade e Transtornos de Ansiedade. Rio de Janeiro: Editora Científica Nacional, 1997. p. 51-82.
MAYES, Rick; HORWITZ, Allan. DSM-III and the revolution in the classification of mental illness. Journal of the History of the Behavioral Sciences, [s.l.], v. 41, n. 3, 2005.
MOL, Annemarie. The body multiple: ontology in medical practice. Duke university press: Durham and London, 2002.
MOL, Annemarie. Política ontológica: algumas ideias e várias perguntas (Tradução: Gonçalo Praça). In: NUNES, J. A.; ROQUE, R. (ed.). Objectos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Edições Afrontamento, 2008. p. 63-78.
NARDI, A. E.; FREIRE, R. C. R. (ed.). Panic Disorder. Switzerland: Springer International Publishing Switzerland, 2016.
ORR, Jackie. Panic Diaries: a genealogy of panic disorder. Durham, London: Duke University Press, 2006.
PIGNARRE, Phillippe. O que é o medicamento? Um objeto estranho entre ciência, mercado e sociedade. São Paulo: Editora 34, 1999.
ROSE, Nikolas. Our psychiatric future: the politics of Mental Health. Melford, MA: Polity Press, 2018.
ROSENBERG, Charles E. The tyranny of diagnosis: specific entities and individual experience. The Milbank Quartely, New York, v. 80, n. 2, p. 237-259, 2002.
RUSSO, Jane. A pós-psicanálise – entre Prozac e florais de Bach. In: JACÓ-VILELA, A. M.; CEREZZO, A. C.; RODRIGUES, H. B. C. (org.). Clio-psyché: fazeres e dizeres psi na história do Brasil. Rio de Janeiro: Centro Eldestein de Pesquisas Sociais, 2012. p. 124-132.
RUSSO, J.; VENÂNCIO, A. T. Classificando as pessoas e suas perturbações: a “revolução terminológica” do DSM-III. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., ano IX, n. 3, 2006.
SABSHIN, M. Turning points in twentieth-century American psychiatry. American Journal of Psychiatry, [s.l.], v. 147, p. 1.267-1.274, 1990.
SHEEHAN, D. V.; BALLENGER, J.; JACOBSEN, G. Treatment of endogenous anxiety with phobic, hysterical, and hypochondriacal symptoms. Arch Gen Psychiatry, [s.l.], 1980.
STOSSEL, Scott. Meus tempos de ansiedade: medo, esperança, terror e a busca da paz de espírito. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
STENGERS, Isabelle. A invenção das ciências modernas. São Paulo: Editora 34, 2002.
SZASZ, T. The myth of mental illness: Foundation of a theory of personal conduct. New York: Harper & Row, 1961.
VIANA, Milena de Barros. Mudanças nos conceitos de ansiedade nos séculos XIX e XX: da “Angstneurose” ao DSM-IV. 2010. 206p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Federal de São Carlos, 2010.
WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Depression and other common mental disorders: global health estimates. Geneva: WHO, 2017. Disponível em: http://apps.who.int/ iris/bitstream/10665/254610/1/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf. Acesso em: 3 mar. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Ilha Revista de Antropologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os autores cedem à Ilha – Revista de Antropologia – ISSN 2175-8034 os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição Não Comercial Compartilhar Igual (CC BY-NC-SA) 4.0 International. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, desde que para fins não comerciais, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico desde que adotem a mesma licença, compartilhar igual. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico, desde que para fins não comerciais e compartilhar igual.