Gestão do sofrimento e luta pela moradia por famílias trabalhadoras
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8034.2021.e77934Resumen
Proponho refletir sobre as condições de acesso aos direitos sociais dos moradores do Predinho, moradia popular instalada nas instalações do antigo Hotel Bandeirantes, na região central do Rio de Janeiro. A adoção da perspectiva procedimental e a avaliação da análise interpretativa permitiram compreender as diferentes formas de gestão e agenciamentos morais que buscam legitimar os processos decisórios que correspondem a esta forma de viver e habitar a cidade. Valorizo ??a compreensão simbólica do direito à moradia para me distanciar de uma compreensão substantiva que reforce a relação de poder entre esses moradores e o Estado brasileiro. As condições de possibilidade de reprodução social dessas famílias evidenciam a situação de vulnerabilidade social e revelam que o Estado não garante direitos, mas condiciona o mecanismo perverso de resistência ao tempo pela apropriação de escassos recursos individuais complementados por redes de relações intrafamiliares e intervencionistas.
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