“Nossos filhos não são cobaias”: objetificação dos sujeitos de pesquisa e saturação do campo durante a epidemia de Zika

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2020v22n2p96

Resumo

Decidimos escrever esse artigo a quatro mãos por uma razão simples: apresentar dois lados da mesma história, a história dos desdobramentos da pesquisa durante a epidemia de Zika. Neste sentido, não somente expomos duas experiências como pesquisadoras em antropologia sobre a epidemia do vírus Zika, mas propomos mostrar como essas duas experiências e vivências revelam de alguma forma um sistema complexo atuando neste contexto específico e envolvendo descobertas científicas, financiamentos internacionais, concorrência de pesquisadores e de instituições, campo com mulheres, crianças vulneráveis e instituições de saúde, trajetórias de amostras biológicas, colaborações – as vezes assimétricas – entre científicos dos chamados ‘Sul e Norte’ do mundo. Esperamos dessa forma chegar a um retrato da Science in the making que proporcionará uma reflexividade a diferentes níveis sobre 1/ nossas práticas como pesquisadores em antropologia em tempos de crise e emergência, e 2/ os diversos significados da relação centro-periferia/pesquisador-pessoas no campo nas ciências que tratam da saúde.

Biografia do Autor

Luciana Campelo Lira, Universidade Federal de Pernambuco

Pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco

Helena Prado, Universidade de Lisboa

Investigador em Ciências Sociais no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Referências

AGAMBEN, G. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. 1ª reimpressão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004

DAS, Veena. Violencia, Cuerpo y Lenguaje. Uribe, Colección umbrales, 2016

DINIZ, Débora. Zika: do Sertão nordestino à ameaça Global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016

CAMPONI, S. A biopolítica da população e a experimentação com seres humanos. Ciên-cia & Saúde Coletiva, 9(2):445-455, 2004

Autor, 2017a

MATOS, Silvana Sobreira de. “Nada sobre nós sem nós”: Associativismo e deficiência na Síndrome Congênita do Zika Vírus. Anais do Trabalho apresentado na 31a Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 09 e 12 de dezembro de 2018, Brasília/DF.”

Autor, 2017b.

RABINOW, Paul. Afterword: concept work. In: Biossocialities, genetics and the social sciences: making biologies and identities (GIBBON, S. & NOVAS, C. orgs). Routledge, 2007.

RABINOW, P. e ROSE, N. O conceito de biopoder hoje. In: Política e Trabalho – Revista de Ciências Sociais. nº 24, abril de 2006. p.27-57.

World Health Organization. Director-General summarizes the outcome of the Emergency Committee regarding clusters of microcephaly and Guillain-Barré syndrome. 1 February 2016

Downloads

Publicado

2020-11-23

Como Citar

LIRA, Luciana Campelo; PRADO, Helena. “Nossos filhos não são cobaias”: objetificação dos sujeitos de pesquisa e saturação do campo durante a epidemia de Zika. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 96–131, 2020. DOI: 10.5007/2175-8034.2020v22n2p96. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/67605. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Antropologia e as outras Ciências da Epidemia do Vïrus Zika