Passo a dois: percepção tátil-cinética na mobilidade com cão-guia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8034.2021.e75647

Resumo

Este artigo é um desdobramento das reflexões apresentadas na mesa redonda “Movimentos, percepções e práticas”, durante a VII Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia. Apresento como venho articulando os três temas que deram o título à mesa tomando como base a pesquisa que desenvolvo desde o doutorado sobre as percepções de mundo de pessoas cegas. Em um segundo momento, faço uma aproximação mais etnográfica à temática a partir das investigações de campo que, desde 2016, venho realizando no Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães Guia do Instituto Federal Catarinense (IFC-Camboriú). Finalizo o artigo com considerações sobre os desafios que a investigação da experiência de mundo de pessoas cegas coloca ao método e à escrita etnográfica.

Biografia do Autor

Olivia von der Weid, Universidade Federal Fluminense, professora adjunta

Professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF, Niterói, Brasil). Doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil) e tem graduação em ciências sociais pela UFRJ. 

Referências

ALEXANDER, Gerda. Eutonia: um caminho para a percepção corporal. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

ABREU, Fernanda F. de. O par como unida¬de criativa: reflexões sobre criação e técnica na dança de salão. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.10 (1), p. 101-112, 2013.

BAVCAR, Evgen. O corpo, espelho partido da história. In: NOVAIS, A (org.). O homem Máquina: A ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

BORGES, Hélia. Sobre o movimento: o corpo e a clínica. Tese (doutorado) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social, Rio de Janeiro, 2009.

CANDEA, Matei. Endo/Exo. Common Knowledge, vol.17(1), p.146-150, 2011.

CSORDAS, Thomas. Corpo / Significado / Cura. Porto Alegre: editora UFRGS, 2008.

DEVOS, Piet. Dancing beyond sight: how blindness shakes up the senses of dance. Disability Studies Quarterly, Vol 38 (3), s/n, 2018.

DESPRET, Vinciane. The body we care for: figures of anthropo-zoo-genesis. Body & Society, 10 (2-3), p. 111-134, 2004.

FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser afetado. Cadernos de campo, vol.13, p. 155-161, 2005.

FERNANDES, Ciane. “Somática como pesquisa”. In: Cunha, Carla; Pizarro, Diego; Vellozo, Marila Annibelli (Orgs). Práticas somáticas em dança. Brasília: Editora IFB, 2019, p.121-138.

FOUCAULT, Michel. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

GIBSON, James J. The ecological approach to visual perception. New York: Psychology Press, 2015.

GONÇALVES, Renata de Sá; OSORIO, Patrícia S. Dossiê Antropologia da dança: apresentação. Antropolítica, Niterói, n. 33, p. 13-23, 2012.

GREINER, Christine. O corpo: pistas para estudos indisciplinares. São Paulo: Annablume, 2005.

HARAWAY, Donna J. When species meet. Minneapolis: Minnesota Press, 2008.

HULL, John M. Reconizing another world. The National Journal for People with Disability, vol. 3 (2), p. 23-26, 2001.

HSU, Elisabeth. Towards a science of touch. Anthropology & Medicine, vol. 7(2), p. 251-268, 2000.

INGOLD, Tim. Estar Vivo. Petrópolis: Vozes, 2015.

LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

LAGROU, Els. Existiria uma arte das sociedades contra o Estado? Revista de antropologia, 54(2): 747-780, 2011.

LAPOUJADE, David. Potências do tempo. São Paulo: n-1 edições, 2013.

LATOUR, Bruno. How to talk about the body? Body & Society, vol.10 (2–3), p.205–229, 2004.

LE BRETON, David. Antropologia dos sentidos. Petrópolis: Vozes, 2016.

LITTLE, Nita. Restructuring the selfsensing: attention training in contact improvisation. Journal of Dance & Somatic Practices, Vol 6 (2), p. 247-260, 2014.

MAUSS, Marcel. As técnicas do corpo. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p. 401-424.

MANNING, Erin. Relationscapes. Massachusetts: MIT Press, 2009.

MANNING, Erin & MASSUMI, Brian. Thought in the act. Minneapolis: Minnesota Press, 2014.

MASSUMI, Brian. O que os animais nos ensinam sobre política. São Paulo: n-1 edições, 2017.

MILLER, Gill Wright. “Feminismo e práxis somática”. In: Cunha, Carla; Pizarro, Diego; Vellozo, Marila Annibelli (Orgs). Práticas somáticas em dança. Brasília: Editora IFB, 2019, p. 65-78.

OVERBOE, James. Theory, impairment and impersonal singularities. In: GOODLEY, D.; HUGHES, B; DAVIS, L. Disability and social theory. Hampshire: Palgrave, 2012, p. 112-126.

PORCO, Alex S. Throw yo' Voice out: Disability as a Desirable Practice in Hip-Hop Vocal Performance. Disability Studies Quarterly, vol. 34, no. 4, 2014.

REYNOLDS, Joel M. Merleau-Ponty, World-Creating Blindness, and the Phenomenology of Non-Normate Bodies. Chiasmi International, vol. 19, p.419-434, 2017.

SERRES, Michel. Os cinco sentidos: filosofia dos corpos misturados. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SEWALL, Laura. Sight and Sensibility. New York, NY: Penguin Putnam, 1999.

SHEETS-JOHNSTONE, Maxine. Moving in Concert. Choros International Dance Journal, vol. 6, p. 1–19, 2017.

SKLAR, Deidre. Reprise: on dance ethnography. Dance Research Journal, vol. 32 (1), p. 70-77, 2000.

SOULAGES, François. A fotograficidade: como reflexão sobre as imagens (de imagens). Revista Farol, n. 18, p. 142-151, 2017.

SOUSA, Joana B. de. Aspectos comunicativos da percepção tátil. Tese (doutorado em comunicação e semiótica) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, PUC-SP, São Paulo, 2004.

TOREN, Chirstina. Antropologia e psicologia. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 27 (80), p.21-36, 2012.

TSING, Anna L. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no antropoceno. Brasília: IEB Mil Folhas, 2019.

UNO, Kuniichi. Hijikata Tatsumi: pensar um corpo esgotado. São Paulo: n-1 edições, 2018.

VIANNA, Klaus. Dançar o movimento da vida. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, 1(3), p. 24-29, 1984.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectival anthropology and the method of controlled equivocation. Tipití, vol 2, no. 1, p. 3–22, 2004.

VON DER WEID, O. Visual é só um dos suportes do sonho: práticas e conhecimentos de vidas com cegueira. Tese (doutorado em antropologia cultural). – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, UFRJ, Rio de Janeiro, 2014.

VON DER WEID, O. “Provincializar a visão: esboços para uma abordagem metodológica”. Teoria e cultura, 11 (3), p. 131-144, 2017.

VON DER WEID, O. “A janela da expressão”: reflexões sobre corpo, movimento e gesto nas relações entre visão e cegueira. Anuário Antropológico, 44 (1), p. 159-186, 2019a.

VON DER WEID, O. On the way: technique, movement and rhythm in the training of guide dogs. Vibrant, Vol. 16 (3), p. , 2019b.

Downloads

Publicado

2021-02-24

Como Citar

WEID, Olivia von der. Passo a dois: percepção tátil-cinética na mobilidade com cão-guia. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 23, n. 1, p. 127–152, 2021. DOI: 10.5007/2175-8034.2021.e75647. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/75647. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Diversidade Contaminada - Dossiê ReACT