Notas sobre a complexidade do neoconservadorismo e seu impacto nas políticas sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p720

Resumo

É impossível discutir neoconservadorismo sem destacar a importância dele no atual contexto econômico-político e cultural brasileiro. Cabe afirmar que a intensidade e o ritmo das manifestações neoconservadoras implicam ainda mais os/as assistentes sociais, na tarefa de análise, de posicionamento crítico e de intervenção nas relações sociais. O esforço de pensá-las precisa ser sempre plural e complexo. O neoconservadorismo relaciona-se profundamente com o neoliberalismo e com a necessidade da construção de uma moralidade conservadora no atual momento do capitalismo. São múltiplas as incidências que operam na construção dessa moralidade conservadora e de um “novo homem” docilizado. Na especificidade brasileira, a chegada ao poder da extrema direita é analisada como expressão do neoconservadorismo e de suas manifestações simultâneas nas relações de gênero, étnico-raciais e no campo dos direitos sexuais e de sua busca por hegemonia. Compreendê-la é condição sine qua non para superar análises economicistas da cena brasileira contemporânea.

Biografia do Autor

Guilherme Silva de Almeida, Escola de Serviço Social da UFRJ.

Foi professor efetivo do PURO/UFF (2009-2010), da UERJ (2010-2019) e atualmente é professor adjunto da ESS/UFRJ, atuando no Departamento de Fundamentos do Serviço Social. Atuou como assistente social na política de saúde e com direitos humanos. Tem como temas de pesquisa mais diretamente relações de gênero e sexualidade.

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Publicado

2020-10-05

Edição

Seção

Adaptações de Palestras