Produção de energia eólica em Pernambuco e a injustiça ambiental sobre comunidades rurais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e73663

Resumo

Encoberta por uma aura verde, formas de injustiça ambiental têm se materializado em experiências de produção de energia eólica. Neste texto, apresentamos como a energia, considerada limpa, produz externalidades negativas que atingem populações rurais, especialmente agricultores familiares. O estudo que forneceu as bases para este trabalho foi realizado por meio de 14 entrevistas semiestruturadas e da observação direta em duas comunidades rurais no município de Caetés, em Pernambuco. Os resultados mostram como processos de expropriação são acionados pelos impactos da presença das torres de aerogeradores no território onde vivem os pequenos agricultores.

Biografia do Autor

Tarcísio Augusto Alves da Silva, Universidade Federal Rural de PernambucoDepartamento de Ciências Sociais

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (2001), mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (2004) e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (2010). Atualmente é professor associado I da Universidade Federal Rural de Pernambuco, lotado no Departamento de Ciências Sociais. Tem experiência na área de Sociologia atuando, principalmente, nos seguintes temas: juventudes, educação, meio ambiente, conflitos socioambientais, educação ambiental, sindicalismo rural e desenvolvimento territorial rural.

Amanda Oliveira de Santana, Universidade Federal Rural de PernambucoDepartamento de Ciências Sociais

Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural de Pernambuco  (UFRPE)  

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Publicado

2021-04-09