O MST e a agroecologia: entre autonomia e subalternidade

Autores

Resumo

O objetivo deste artigo consiste na análise do período de reorganização político-estratégica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), compreendido entre 2000 e 2016, que se centrou na proposta de implantação da educação ambiental e da promoção da agroecologia em seus assentamentos e cooperativas de produção. Por meio de análise documental, bibliográfica e empírica constatou-se a existência contraditória de elementos que definem e articulam dois caminhos opostos: por um lado, a criação de uma via de autonomia intelectual, política e econômica a partir da organização coletiva, da educação e da formação técnica de uma porção significativa de trabalhadores rurais e, por outro, um processo de subalternização das lideranças sem-terra pelos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), que redundou no estancamento da reforma agrária no Brasil.  

Biografia do Autor

Luciana Aliaga, UFPB

É professora adjunta no departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Programa de pós graduação em Ciência Política e Relações Internacionais (PPGCPRI/ UFPB), possui graduação em CIENCIAS SOCIAIS pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2005). É mestre em CIÊNCIA POLÍTICA (2008) e doutora em CIÊNCIA POLÍTICA pela mesma universidade (2013). É líder do grupo de pesquisa Materialismo e Modernidade e secretária da International Gramsci Society-Brasil (IGS-Brasil). Tem experiência na área de teoria política e análise marxista da política, atuando principalmente nos seguintes temas:Teoria e pensamento político; Pensamento Político Italiano; Teorias do Socialismo; Estado, sociedade civil e movimentos sociais.

Fernanda Maranho, UFPB

Mestre em Ciência Política pelo Programa de Pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

 

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Publicado

2021-09-28