A invisibilidade das mulheres que cuidam de mulheres vítimas de violência
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e84550Resumo
O objetivo deste estudo foi descrever as condições de trabalho dos profissionais que atuam em centros de atendimento
a mulheres vítimas de violência, investigar a experiência de trabalhadoras no atendimento a mulheres vítimas de violência e
analisar as práticas de autocuidado desse grupo profissional em nos níveis pessoal, profissional, coletivo e institucional. Os
dados foram coletados por meio da aplicação de um roteiro de entrevista a 12 profissionais que atendem vítimas de violência
contra a mulher em diferentes centros de atendimento a esse público em Aracaju e interior de Sergipe. As cinco classes geradas
pela Classificação Hierárquica Descendente (CHD) geradas pela análise Iramuteq, apontaram cinco temas: atendimento à
mulher vítima de violência, conflitos, violência e prática profissional, autores da prática de agressão, autocuidado pessoal e
manejo de obstáculos no ambiente de trabalho. Diante dos resultados encontrados, o fortalecimento do sistema de políticas
públicas é apontado como um dos pilares que reconfiguram essa realidade.
Palavras-chave: Profissionais que atendem mulheres vítimas de violência;
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