Mulheres quilombolas e a luta pelo território na perspectiva do feminismo decolonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e86195

Palavras-chave:

Decolonial feminism; Quilombola women; Territory; Resistance.

Resumo

O presente trabalho objetiva analisar, do ponto de vista do feminismo decolonial, a luta das mulheres quilombolas
pelo reconhecimento de seus territórios ancestrais. O feminismo decolonial se manifesta no contexto da América Latina,
dando visibilidade às suas representações subalternas, às mulheres latino-americanas, afrodescendentes, mestiças e indígenas,
e neste cenário se enquadram também as mulheres quilombolas. No Brasil, as teorias e práticas decoloniais se desenham
em discussões teóricas realizadas por teóricas mais clássicas, como Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro e contemporâneas,
como Carla Akotirene, com a finalidade de abordar temas que mais se aproximam da realidade das mulheres brasileiras. Os
fenômenos que dão suporte às teorias são vislumbrados pelas lutas cotidianas das mulheres negras, sobretudo as quilombolas,
por direito ao reconhecimento de seus territórios - denegado pelo Estado e que potencializa as diversas violências, incluindo
as de gênero. Estas práticas são protagonizadas por lideranças quilombolas no contexto privado e público e correspondem à
noção de empoderamento feminino vinculado ao contexto coletivo. Para a análise da aplicação das teorias e dos fenômenos, foi
utilizado o método dedutivo e como procedimentos metodológicos, a revisão bibliográfica e a análise de dados e documentos disponíveis. Conclui-se que o feminismo decolonial deve cada vez mais observar mais os fenômenos do que as teorias e que as
resistências femininas no e pelo território quilombola passam por lutas pelo reconhecimento das identidades de gênero no intuito de
mitigar as violências sobrepostas.

Biografia do Autor

Thaisa Maira Rodrigues Held, Universidade Federal da Grande Dourados

Doutora em Direito: Área de Concentração em Direitos Humanos (2014/2017) pela Universidade Federal do Pará. Mestra em Direito Agroambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso (2011/2013). Coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal de Mato Grosso, ICHS-CUA (setembro 2014/2015). Docente na Faculdade de Direito e Relações Internacionais (FADIR) da Universidade Federal da Grande Dourados (2018/atual). Foi docente no Curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia - ICHS/CUA (2014/2018). Lidera o Grupo de Pesquisa "A luta pela terra: perspectivas contra-hegemônicas na América Latina" (UFGD). Membro Pesquisadora do Grupo de Pesquisa "Territórios e populações tradicionais: políticas de reconhecimento, transformações classificatórias e demografia das populações indígenas e afroamericanas (UNICAMP). Os termos mais frequentes de sua produção acadêmica são: Quilombos, Direitos Humanos, Direito ao Território, Meio Ambiente e Desenvolvimento, Comunidades Quilombolas e Indígenas, Território e Identidade, Violências, Conhecimentos Tradicionais, Justiça Socioambiental.

Isadora Golim Campos, Universidade Federal da Grande Dourados

Mestranda em Fronteiras e Direitos Humanos pela Universidade Federal da Grande Dourados.

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Publicado

2022-08-30