"A dama branca”, mito e poesia em As Metamorfoses, de Murilo Mendes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7917.2025.e102082

Palavras-chave:

Murilo Mendes, poesia, mito, musas

Resumo

Nesse texto pretendemos fazer a leitura do poema “A dama branca”, de As Metamorfoses (1938-1941), de Murilo Mendes. O procedimento poético utilizado pelo poeta mineiro para escrita do poema é realizado pela confecção da imagem elaborada pela montagem/colagem de elementos díspares, com o intuito de alterar a representação do mundo sensível e revelar um mundo novo, incognoscível à representação mimética da realidade. Para isso, o poeta desarticula os elementos do mundo objetivo e os rearranja de uma maneira nova, mais livre e poética. Soma-se à essa concepção do fazer poético a estreita relação que a poesia muriliana estabelece como mito, no sentido de que, numa de suas fortes marcas, sua criação busca uma espécie de “memória profunda” da cultura, trazendo para o presente um passado mítico exemplar. Para isso, o poeta buscará o auxílio das musas e da graça divina para construir seu poema. É pela memória que o poeta consegue superar os limites determinados pela espaço-temporalidade ordinária e material e ir além do mundo sensível.

Biografia do Autor

Luciano Marcos Dias Cavalcanti, Universidade Federal de Alfenas

Doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas, realizou estágio de pós-doutorado no Departamento de Literatura Brasileira da UNESP/Araraquara. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, Teoria Literária e Literatura Comparada, atuando principalmente nos estudos de poesia e prosa brasileira moderna e contemporânea.

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Publicado

08.05.2025

Como Citar

CAVALCANTI, Luciano Marcos Dias. "A dama branca”, mito e poesia em As Metamorfoses, de Murilo Mendes. Anuário de Literatura, [S. l.], v. 30, p. 01–15, 2025. DOI: 10.5007/2175-7917.2025.e102082. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/102082. Acesso em: 13 jun. 2025.

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