Campo Belo: narrativa insubmissa e insurgente
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7917.2019v24n1p131Resumo
Neste artigo desejamos provocar e compartilhar reflexões sobre o conto “Isaltina Campo Belo”, de autoria de Conceição Evaristo, parte integrante do livro: Insubmissas lágrimas de mulheres. A narrativa escolhida explicita o percurso da personagem em busca de compreensão da sua própria existência. Ao longo do caminho, surgem dúvidas, dores, alegrias e (des)cobertas sobre a construção da identidade de gênero, lesboafetiva e lesboerótica da personagem. O texto foi escrito a partir de alguns encaminhamentos que envolvem: problematizar os silêncios impostos historicamente que são construídos repletos de preconceitos e discriminações sobre a sexualidade da mulher negra; propor a insubmissão e a insurgência como categorias existenciais e claves interpretativas para análise do corpus; buscar referenciais teóricos pertinentes para a compreensão do conto analisado dentro da possibilidade de análise interseccional de gênero e sexualidade, principalmente dialogando com a perspectiva da “epistemologia negra sapatão” de Tanya L. Saunders para o lesbotexto apresentado e de autoras(es) que desenvolvem a perspectiva de pensar a literatura negra epistemologicamente; mapear a jornada da personagem do conto refletindo sobre os seus processos de construção identitária.
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